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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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Mimo iguala animais com e sem pedigree

DA REPORTAGEM LOCAL

Para esquecer um grande amor, só mesmo um novo amor. No caso da professora Sonia Regina Alves da Costa Freitas, 38, o ditado se tornou realidade, ainda que o amor antigo tivesse pedigree e o novo, bem, seja uma "mistura de tudo o que há de bom, como o povo brasileiro". E, assim como a paixão pelo vira-lata Orion não é menos intensa do que a antes devotada ao pastor belga Chuck, os mimos também são os mesmos.
A ração é "super premium" (de melhor qualidade e, por isso, mais cara), não faltam biscoitos caninos, há passeios diários no parque Ibirapuera e banhos semanais, e a dona acha que não vai resistir aos novos doces e chocolates próprios para cães à venda no mercado.
"Só não coloco roupinha pois acho ridículo", conta Freitas. Para evitar que Orion saia para a rua, ela colocou tela de galinheiro no quintal da casa, localizada a três quadras do Ibirapuera, área nobre da zona sul de São Paulo.
E por que alguém que pode pagar por um puro-sangue escolhe ter vira-latas (ela tem mais quatro gatos sem raça)? "Sempre tive animais de pedigree. Quando Chuck morreu, de uma doença que deu muito trabalho, disse que não teria mais cachorro, mas não resisti ao Orion. Foi a melhor coisa que fiz porque ele é muito saudável e tão carinhoso que parece ser grato por eu o ter adotado."
Gratos também estão Ísis, Nefertite, Amon e Anubis, gatos vira-latas que Freitas tem há quatro anos. Ganham o mesmo tratamento do persa com pedigree: ração de primeira, salgadinhos para felinos, vão ao pet shop periodicamente para o banho, sempre supervisionados pela dona. "Só levo onde eu posso acompanhar o que o funcionário está fazendo. A gente tem de ficar em cima!"
O charme dos vira-latas parece estar, aos poucos, ganhando a elite. "Antes, nos Jardins, onde moro [bairro nobre da zona oeste de SP], só se viam cachorros de raça na rua. Hoje canso de ver os donos desfilando orgulhosos com seus vira-latas", conta a veterinária Fernanda Cabello Campos, 26.
Mas ainda há preconceito, diz a presidente do CPDA (Conselho de Proteção e Defesa Animal), Angela Caruso. Para ela, a propaganda, ainda voltada a animais de raça, deveria mudar. (MV)


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