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Mimo iguala animais com e sem pedigree
DA REPORTAGEM LOCAL
Para esquecer um grande amor,
só mesmo um novo amor. No caso da professora Sonia Regina Alves da Costa Freitas, 38, o ditado
se tornou realidade, ainda que o
amor antigo tivesse pedigree e o
novo, bem, seja uma "mistura de
tudo o que há de bom, como o povo brasileiro". E, assim como a
paixão pelo vira-lata Orion não é
menos intensa do que a antes devotada ao pastor belga Chuck, os
mimos também são os mesmos.
A ração é "super premium" (de
melhor qualidade e, por isso, mais
cara), não faltam biscoitos caninos, há passeios diários no parque
Ibirapuera e banhos semanais, e a
dona acha que não vai resistir aos
novos doces e chocolates próprios
para cães à venda no mercado.
"Só não coloco roupinha pois
acho ridículo", conta Freitas. Para
evitar que Orion saia para a rua,
ela colocou tela de galinheiro no
quintal da casa, localizada a três
quadras do Ibirapuera, área nobre da zona sul de São Paulo.
E por que alguém que pode pagar por um puro-sangue escolhe
ter vira-latas (ela tem mais quatro
gatos sem raça)? "Sempre tive
animais de pedigree. Quando
Chuck morreu, de uma doença
que deu muito trabalho, disse que
não teria mais cachorro, mas não
resisti ao Orion. Foi a melhor coisa que fiz porque ele é muito saudável e tão carinhoso que parece
ser grato por eu o ter adotado."
Gratos também estão Ísis, Nefertite, Amon e Anubis, gatos vira-latas que Freitas tem há quatro
anos. Ganham o mesmo tratamento do persa com pedigree: ração de primeira, salgadinhos para
felinos, vão ao pet shop periodicamente para o banho, sempre supervisionados pela dona. "Só levo
onde eu posso acompanhar o que
o funcionário está fazendo. A gente tem de ficar em cima!"
O charme dos vira-latas parece
estar, aos poucos, ganhando a elite. "Antes, nos Jardins, onde moro [bairro nobre da zona oeste de
SP], só se viam cachorros de raça
na rua. Hoje canso de ver os donos desfilando orgulhosos com
seus vira-latas", conta a veterinária Fernanda Cabello Campos, 26.
Mas ainda há preconceito, diz a
presidente do CPDA (Conselho
de Proteção e Defesa Animal),
Angela Caruso. Para ela, a propaganda, ainda voltada a animais de
raça, deveria mudar.
(MV)
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