FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Três policiais do Denarc (Departamento de Narcóticos) de São Paulo -um investigador e dois agentes- foram denunciados ontem por promotores do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional de Combate ao Crime Organizado) de Campinas por tráfico de drogas. A Promotoria pediu a prisão preventiva dos policiais.
Sérgio Antônio Saconi, Sandro José Saconi e César Wesley Porcelli foram presos pela Polícia Federal há cerca de duas semanas, durante uma investigação sobre tráfico internacional de drogas.
A prisão temporária foi concedida pelo juiz Caio Ventosa Chaves, da 4ª Vara Criminal de Campinas, sob a suspeita do envolvimento deles com traficantes.
Os três policiais acusados trabalhavam no Denarc -responsável pelo combate ao tráfico de drogas. Eles estão presos no presídio da Polícia Civil, em São Paulo.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que apenas o Denarc falaria sobre o assunto. O Denarc informou, em nota, que a prisão dos policiais é um equívoco, pois eles estavam investigando o mesmo caso desde julho.
Até quarta-feira da semana passada, nenhum pedido de reconsideração da prisão dos acusados havia sido feito para a Justiça.
O advogado de defesa dos policiais, Adriano Salles Vanni, disse que vai entrar com pedido de soltura dos policiais.
O ouvidor-geral das polícias do Estado, Itajiba Farias Cravo, disse que o órgão ainda não tinha conhecimento do caso e, por isso, seria preciso analisá-lo com mais cautela. "Pedi os documentos necessários, mas ainda não tenho posições concretas", disse.
Dados da Ouvidoria apontam que nos primeiros nove meses deste ano houve 21 denúncias de policiais civis envolvidos com o tráfico de drogas e dez envolvendo policiais militares.
O caso está sob o comando da PF, que investiga o tráfico internacional de drogas entre brasileiros e colombianos. A Folha apurou que, durante as investigações, apareceram indícios de que os policiais do Denarc estariam envolvidos com os traficantes.
Após autorização judicial para a realização de escutas telefônicas, a PF constatou que houve negociações para compra e revenda de cocaína entre os traficantes e os policiais suspeitos.
Durante as apurações, a PF soube que duas pessoas desembarcariam com a cocaína no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no dia 24 de outubro, em um vôo vindo de Manaus.
As escutas telefônicas mostram que houve negociação, inclusive, na compra de passagens aéreas e hospedagem dos traficantes. No momento do desembarque dos passageiros, dois traficantes foram presos pela PF com 1,5 kg de cocaína. Os policiais suspeitos de envolvimento com o tráfico também estavam no saguão do aeroporto e, quando souberam que os fornecedores da droga haviam sido presos pela PF, foram embora.


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