São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2004

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Serra e Alckmin debatem parceria e secretariado

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), reuniu-se anteontem com o governador Geraldo Alckmin para discutir seu secretariado, a formação de sua base na Câmara e a realização de parcerias entre as duas administrações nos próximos dois anos.
O encontro ocorreu à tarde, em café na área residencial do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Além das discussões sobre São Paulo, que detonam o processo de formação do governo tucano na cidade, Serra e Alckmin discutiram questões partidárias.
Eles teriam acertado que não haverá, a princípio, transferência de quadros do Estado para compor o secretariado municipal. O prefeito eleito tem dito a interlocutores que está com dificuldades para achar nomes de seu primeiro escalão, pois "não pode errar".
As preocupações de Serra são, segundo aliados, as pastas de Transporte, Finanças e Saúde.
Conhecido por ter dado ao PSDB grande parte da munição contra a prefeita Marta Suplicy (PT), mas também pela atuação cômica, o vereador tucano reeleito e médico Gilberto Natalini ganhou força na disputa pela Saúde. A pasta será a principal vitrine da gestão, uma vez que o tucano centrou sua campanha no setor.
O nome de Natalini aparece em conversas da cúpula do PSDB, de seus colegas de Câmara e de profissionais que ocupam importantes cargos no setor. Dizem que o vereador é uma boa escolha por causa da experiência e da proximidade que tem com Serra.
Natalini ocupou o posto de secretário em Diadema (Grande SP) entre 1997 e 2000 e foi presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde, onde apoiou propostas de Serra quando este era ministro da Saúde. Além disso, eles se conhecem há mais de 20 anos e Natalini, ex-líder do PSDB na Câmara, participou intensamente da campanha.
A escolha de Natalini seria uma maneira, ainda, de "encaixar" na Câmara Tião Farias, ex-secretário de Mário Covas, hoje na primeira suplência. Pesa contra Natalini o perfil pouco discreto. Recentemente acusou parte dos colegas de receber uma "mesada" do Executivo, sem apresentar provas.
As apostas sobre Natalini também cresceram nos últimos dias porque outros nomes de "secretariáveis" -como o ex-ministro da Saúde e cardiologista Adib Jatene, eterna aposta, e o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, perderam força.
Jatene afirmou à Folha que só tem interesse em coordenar o projeto de 80 hospitais locais, proposta defendida por ele há uma década e encampada por Serra.
"Posso ajudar mais se continuar na secretaria [estadual]", disse Barradas Barata. O secretário, ex-assessor de José Serra, disse querer dar continuidade a projetos iniciados em sua gestão, como uma nova fábrica do laboratório público Furp (Fundação para o Remédio Popular).
Sobram dúvidas sobre o futuro de José da Silva Guedes, secretário estadual da Saúde no governo Covas e responsável pelo setor no processo de transição. Tido como um ótimo técnico, já afirmou a interlocutores ter interesse, mas somente se lhe oferecerem determinadas condições de trabalho.
Correm por fora Eduardo Jorge (PV) -ex-secretário da Saúde de Marta que rompeu com o PT- e o deputado federal José Aristodemo Pinotti (PFL-SP). Ambos não negam o interesse pelo cargo. O primeiro sempre foi uma espécie de conselheiro extra-oficial de Serra, mas pesa contra ele a passagem tumultuada pelo governo Marta. Pinotti tem antigas divergências com a secretaria estadual, o que o enfraquece. Eles poderão ser aproveitados em outra pasta.
Interlocutores de Natalini relatam que o vereador já disse ter sido convidado por Serra, o que ele nega. Procurado, limitou-se a dizer que "o prefeito eleito ainda não tratou desse assunto".

Cotados
Outros cotados para o secretariado de Serra são os prefeitos tucanos Luiz Paulo Vellozo Lucas (Vitória) e Emanuel Fernandes (São José dos Campos), todos em fim de mandato. Os ex-ministros Andrea Matarazzo e Clóvis Carvalho -chefe da equipe de transição- também são citados como prováveis secretários. Apesar da especulação, não há consenso sobre as cadeiras que ocupariam.
Para a pasta de Esportes ou para a direção da Anhembi Turismo, um candidato forte é Caio Luiz de Carvalho, ex-ministro de Esporte e Turismo e que já dirigiu a Embratur. Ele colaborou com José Serra na montagem de seu programa de governo.


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