São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Brasil desperdiça 45% da água captada para consumo

Perdas são registradas no percurso entre o manancial e a casa do consumidor

Os vazamentos na rede são os principais responsáveis pelo problema; Porto Velho tem o pior índice em termos percentuais, 78,8%

AFRA BALAZINA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

De toda a água que se retira de mananciais para abastecer as capitais brasileiras, quase a metade (45%) se perde antes de chegar às casas e atender à população. A principal causa são os vazamentos na rede.
Porto Velho tem a pior situação entre as capitais em termos percentuais -78,8%- e o Rio de Janeiro tem a maior perda se for levado em conta o volume total jogado fora -o equivalente a 618 piscinas olímpicas.
Em São Paulo, a perda é menor do que a média das capitais e fica em 30,8% -em 2001, a estimativa era de 33,5%. Mesmo assim, o extravio ainda é muito superior ao considerado aceitável por especialistas -entre 15% e 20%. O Japão, por exemplo, tem perda de apenas 4%.
O problema não é novo. Em 2002, o Ministério das Cidades estimava a perda nacional de água em 40%.
Para chegar à quantidade de água perdida na rede, a conta é a seguinte: faz-se a subtração entre o que é retirado dos mananciais (a medição acontece nas Estações de Tratamento de Água) e o que é consumido. Por isso, acabam sendo computados, além dos vazamentos, os erros de medição, as fraudes nos hidrômetros e as ligações clandestinas de água.
Segundo a Sabesp, por exemplo, os vazamentos são responsáveis por 65% do total perdido na capital paulista.
Esses e outros dados sobre abastecimento e consumo de água serão apresentados pelo ISA (Instituto Socioambiental) na próxima quarta-feira, no lançamento da campanha "De Olho nos Mananciais", apoiada pela modelo Gisele Bündchen. A top model cedeu sua imagem para a divulgação da iniciativa.
As informações foram obtidas no Snis (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do Ministério das Cidades, e têm como referência o ano de 2004. Os dados de São Paulo foram atualizados pela Sabesp e são de 2007.
Segundo Marussia Whately, coordenadora do Programa Mananciais do ISA, para alterar o quadro atual é necessário combate intenso aos vazamentos. "O atendimento rápido é muito importante."
Para José Aurélio Boranga, presidente da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), é imprescindível investir em tecnologia e trocar a tubulação antiga.
De acordo com ele, as maiores perdas ocorrem nos ramais -pontos em que a água deixa a rede da rua e segue para as casas dos consumidores.
Segundo as associações brasileiras de empresas estaduais (Aesbe) e de concessionárias (Abcon) de saneamento básico, seriam aceitáveis índices de perdas sempre abaixo de 20%.
O superintendente-executivo da Aesbe, Walder Suriani, aponta o déficit tecnológico na estrutura do sistema e dos materiais empregados nas tubulações. "Usamos tubos de 100 m com juntas a cada seis metros."


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