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Tubulação antiga agrava desperdício, diz Sabesp
Segundo a companhia, custo para trocar toda a rede de abastecimento é elevado
Um dos paliativos adotados é instalar válvulas que reduzem a pressão da água durante a noite e diminuem a força do vazamento
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
Nilton Seuaciuc, assistente
executivo da diretoria metropolitana da Sabesp, admite que
a infra-estrutura da rede de
abastecimento de água em São
Paulo é "muito antiga", mas
afirma que a troca da tubulação
tem custo elevado.
Um dos fatores que prejudicam a rede paulistana, de acordo com ele, é o tráfego intenso
de veículos sobre a área onde
estão os tubos. "A rede sofre
com isso", afirma.
Seuaciuc diz que a empresa
tem trabalhado para reduzir as
perdas de água na rede de abastecimento e, desde 1994, vem
instalando válvulas redutoras
de pressão na rede.
Elas são acionadas à noite,
quando, em razão do menor
uso de água, a pressão aumenta
e os vazamentos ficam maiores.
No total, a capital paulista
tem cerca de 600 dessas válvulas. "Mas ainda vamos colocar
outras 300", diz. Ele ressalta
que cerca de 50 mil ramais
também são trocados anualmente na cidade, como forma
de manutenção da rede.
Já em Porto Velho, o crescimento da população e a ausência de investimentos na rede de
água e esgoto são apontados como responsáveis pela precária
situação dos serviços
Na capital de Rondônia, apenas 30,6% das pessoas têm
acesso a água tratada e o desperdício do recurso é de 78,8%.
O serviço é mantido pela estatal
Caerd (Companhia de Água e
Esgotos de Rondônia).
"A ausência de serviços básicos é realidade no Norte do
país. Porto Velho recebeu fluxos migratórios, por causa de
garimpos ou busca por novas
terras. Não foi algo programado
e o poder público não conseguiu acompanhar. Não houve
investimentos [em saneamento]", disse o prefeito da cidade,
Roberto Sobrinho (PT).
No início do mês, o governo
Ivo Cassol (que se afastou do
PPS) anunciou a assinatura de
contrato para obter recursos do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) visando o
acesso da população da capital
à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto. O projeto é
orçado em R$ 400 milhões.
No Rio de Janeiro, o presidente da CEDAE (Companhia
de Água e Esgoto), Wagner Victer, atribui o elevado índice de
perda de água a vazamentos
que não são detectados, à demora na intervenção, ao sistema de medição adotado na capital -que não é automatizado
e integrado- e aos "gatos" (ligações clandestinas de água).
Ele confirma os índices calculados pelo ISA, mas afirma
que as perdas de água são normais em todo o mundo. Victer
diz acreditar que o índice de
perda do manancial à torneira
no Rio (53,3%) e o alto índice de
consumo (226 litros por habitante por dia) do Estado têm a
mesma origem -a falta de uma
educação ambiental.
"No Brasil, nós temos perdas
elevadas porque não temos a
prática preservacionista. A
água ainda é um bem muito barato e as pessoas não desenvolveram o costume de economizar." Segundo ele, o tempo médio entre a reclamação e o conserto é de três dias. Victer disse
que o Estado tem feito um trabalho inédito de combater os
"gatos" com o auxílio da polícia.
A reportagem tentou ouvir o
Ministério das Cidades e o Snis
(Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), sem
sucesso.
Longo prazo
O presidente da Abcon (associação brasileira das concessionárias privadas de água e esgoto), Fernando Mangabeira,
afirma que são necessários programas de longo prazo. E os resultados demoram a aparecer.
A empresa que ele dirige, a
Águas de Limeira, do interior
de São Paulo, levou sete anos
para reduzir as perdas de 45%
para 18%.
(AFRA BALAZINA, MATHEUS PICHONELLI e MALU TOLEDO)
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