São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Tubulação antiga agrava desperdício, diz Sabesp

Segundo a companhia, custo para trocar toda a rede de abastecimento é elevado

Um dos paliativos adotados é instalar válvulas que reduzem a pressão da água durante a noite e diminuem a força do vazamento

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO

Nilton Seuaciuc, assistente executivo da diretoria metropolitana da Sabesp, admite que a infra-estrutura da rede de abastecimento de água em São Paulo é "muito antiga", mas afirma que a troca da tubulação tem custo elevado.
Um dos fatores que prejudicam a rede paulistana, de acordo com ele, é o tráfego intenso de veículos sobre a área onde estão os tubos. "A rede sofre com isso", afirma.
Seuaciuc diz que a empresa tem trabalhado para reduzir as perdas de água na rede de abastecimento e, desde 1994, vem instalando válvulas redutoras de pressão na rede.
Elas são acionadas à noite, quando, em razão do menor uso de água, a pressão aumenta e os vazamentos ficam maiores.
No total, a capital paulista tem cerca de 600 dessas válvulas. "Mas ainda vamos colocar outras 300", diz. Ele ressalta que cerca de 50 mil ramais também são trocados anualmente na cidade, como forma de manutenção da rede.
Já em Porto Velho, o crescimento da população e a ausência de investimentos na rede de água e esgoto são apontados como responsáveis pela precária situação dos serviços
Na capital de Rondônia, apenas 30,6% das pessoas têm acesso a água tratada e o desperdício do recurso é de 78,8%. O serviço é mantido pela estatal Caerd (Companhia de Água e Esgotos de Rondônia).
"A ausência de serviços básicos é realidade no Norte do país. Porto Velho recebeu fluxos migratórios, por causa de garimpos ou busca por novas terras. Não foi algo programado e o poder público não conseguiu acompanhar. Não houve investimentos [em saneamento]", disse o prefeito da cidade, Roberto Sobrinho (PT).
No início do mês, o governo Ivo Cassol (que se afastou do PPS) anunciou a assinatura de contrato para obter recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) visando o acesso da população da capital à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto. O projeto é orçado em R$ 400 milhões.
No Rio de Janeiro, o presidente da CEDAE (Companhia de Água e Esgoto), Wagner Victer, atribui o elevado índice de perda de água a vazamentos que não são detectados, à demora na intervenção, ao sistema de medição adotado na capital -que não é automatizado e integrado- e aos "gatos" (ligações clandestinas de água).
Ele confirma os índices calculados pelo ISA, mas afirma que as perdas de água são normais em todo o mundo. Victer diz acreditar que o índice de perda do manancial à torneira no Rio (53,3%) e o alto índice de consumo (226 litros por habitante por dia) do Estado têm a mesma origem -a falta de uma educação ambiental.
"No Brasil, nós temos perdas elevadas porque não temos a prática preservacionista. A água ainda é um bem muito barato e as pessoas não desenvolveram o costume de economizar." Segundo ele, o tempo médio entre a reclamação e o conserto é de três dias. Victer disse que o Estado tem feito um trabalho inédito de combater os "gatos" com o auxílio da polícia.
A reportagem tentou ouvir o Ministério das Cidades e o Snis (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), sem sucesso.

Longo prazo
O presidente da Abcon (associação brasileira das concessionárias privadas de água e esgoto), Fernando Mangabeira, afirma que são necessários programas de longo prazo. E os resultados demoram a aparecer.
A empresa que ele dirige, a Águas de Limeira, do interior de São Paulo, levou sete anos para reduzir as perdas de 45% para 18%.
(AFRA BALAZINA, MATHEUS PICHONELLI e MALU TOLEDO)

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