São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Em São Paulo, o consumo é o dobro do indicado pela ONU

DA REPORTAGEM LOCAL

Os mananciais não sofrem só com vazamentos. O desperdício e o mau uso da água pela população também serão combatidos pelo ISA na campanha "De Olho nos Mananciais".
A ONU (Organização das Nações Unidas) diz que 110 litros de água por habitante ao dia é o ideal para suprir as necessidades humanas, mas a média de consumo nas capitais brasileiras é de 150 litros por pessoa.
Em capitais como São Paulo, Rio e Vitória, consome-se o dobro do indicado pela ONU -221, 226 e 236, respectivamente. Quanto mais rico o usuário, mais água ele utiliza, dizem especialistas.
Em bairros nobres paulistanos como Higienópolis, Jardins e Morumbi, o consumo pode ultrapassar os 400 litros por pessoa ao dia.
Já em bairros periféricos, em prédios da Cohab ou da CDHU, a média diária fica entre 100 e 110 litros, segundo a Sabesp.
As capitais com população mais econômica são Maceió (89 litros por habitante ao dia), Recife (91) e Manaus (93).

Cultura do desperdício
"O mau uso infelizmente é cultural no país. As pessoas continuam "varrendo" a calçada com mangueiras, passam horas intermináveis cantando no banho e fazem a barba e escovam os dentes com a torneira aberta", diz José Aurélio Boranga, presidente da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
Nilton Seuaciuc, da Sabesp, ressalta que muitos brasileiros tomam de dois a três banhos diários, o que não ocorre na Europa, por exemplo.
Outro fator que contribui para o desperdício da água no país, segundo ele, é a falta de hidrômetros individuais nos apartamentos e o conseqüente rateio da conta de água entre todos os moradores. "As pessoas não são compelidas a economizar", afirma Seuaciuc.

Lei
A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou em agosto um projeto de lei que determinava a instalação de hidrômetros individuais em novos edifícios construídos no Estado de São Paulo.
Com a medida, a cobrança do consumo de água deixaria de ser coletiva nesses condomínios. O projeto foi apoiado pela Sabesp, ambientalistas, sindicatos e associações de condomínio do Estado.
"É um grande benefício tanto para condôminos quanto para condomínios. Não só pela questão da justiça econômica mas também pelo desperdício", afirmou na época à Folha Omar Anauate, diretor de condomínio da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de SP).
Em outubro, entretanto, o governador José Serra (PSDB) vetou totalmente o projeto, alegando que a lei era inconstitucional e que a questão tem de ser legislada pelos municípios.
"Efetivamente, é atribuição dos municípios editar normas de atuação urbanística para os respectivos territórios, notadamente para a cidade, provendo concretamente todos os aspectos que se relacionem com o uso do solo urbano, as construções, os equipamentos e as atividades realizadas nas edificações", diz o texto do veto.
(AB)


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