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Em São Paulo, o consumo é o dobro do indicado pela ONU
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mananciais não sofrem só
com vazamentos. O desperdício e o mau uso da água pela população também serão combatidos pelo ISA na campanha
"De Olho nos Mananciais".
A ONU (Organização das Nações Unidas) diz que 110 litros
de água por habitante ao dia é o
ideal para suprir as necessidades humanas, mas a média de
consumo nas capitais brasileiras é de 150 litros por pessoa.
Em capitais como São Paulo,
Rio e Vitória, consome-se o dobro do indicado pela ONU
-221, 226 e 236, respectivamente. Quanto mais rico o
usuário, mais água ele utiliza,
dizem especialistas.
Em bairros nobres paulistanos como Higienópolis, Jardins e Morumbi, o consumo
pode ultrapassar os 400 litros
por pessoa ao dia.
Já em bairros periféricos, em
prédios da Cohab ou da CDHU,
a média diária fica entre 100 e
110 litros, segundo a Sabesp.
As capitais com população
mais econômica são Maceió
(89 litros por habitante ao dia),
Recife (91) e Manaus (93).
Cultura do desperdício
"O mau uso infelizmente é
cultural no país. As pessoas
continuam "varrendo" a calçada
com mangueiras, passam horas
intermináveis cantando no banho e fazem a barba e escovam
os dentes com a torneira aberta", diz José Aurélio Boranga,
presidente da Abes (Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
Nilton Seuaciuc, da Sabesp,
ressalta que muitos brasileiros
tomam de dois a três banhos
diários, o que não ocorre na Europa, por exemplo.
Outro fator que contribui para o desperdício da água no
país, segundo ele, é a falta de hidrômetros individuais nos
apartamentos e o conseqüente
rateio da conta de água entre
todos os moradores. "As pessoas não são compelidas a economizar", afirma Seuaciuc.
Lei
A Assembléia Legislativa do
Estado de São Paulo aprovou
em agosto um projeto de lei que
determinava a instalação de hidrômetros individuais em novos edifícios construídos no Estado de São Paulo.
Com a medida, a cobrança do
consumo de água deixaria de
ser coletiva nesses condomínios. O projeto foi apoiado pela
Sabesp, ambientalistas, sindicatos e associações de condomínio do Estado.
"É um grande benefício tanto
para condôminos quanto para
condomínios. Não só pela questão da justiça econômica mas
também pelo desperdício",
afirmou na época à Folha
Omar Anauate, diretor de condomínio da AABIC (Associação
das Administradoras de Bens
Imóveis e Condomínios de SP).
Em outubro, entretanto, o
governador José Serra (PSDB)
vetou totalmente o projeto,
alegando que a lei era inconstitucional e que a questão tem de
ser legislada pelos municípios.
"Efetivamente, é atribuição
dos municípios editar normas
de atuação urbanística para os
respectivos territórios, notadamente para a cidade, provendo
concretamente todos os aspectos que se relacionem com o
uso do solo urbano, as construções, os equipamentos e as atividades realizadas nas edificações", diz o texto do veto.
(AB)
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