São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Baleia desaparece em rio, afirma Ibama

Animal, preso em areia do rio Tapajós, consegue se soltar e some; comunidade e Ibama divergem sobre rumo tomado

Baleia pode ter seguido por canal que a levaria de volta ao Atlântico; enquanto esteve preso, mamífero foi atração para os moradores

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A baleia que encalhou nessa terça no rio Tapajós, região central da Amazônia, conseguiu se soltar da areia onde estava presa e, ontem, desapareceu da região onde foi encontrada, no Pará, perto de uma comunidade de Belterra (1.445 km de Belém).
Uma equipe de biólogos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) suspeita de que o animal -de cinco metros e meio de comprimento e 12 toneladas- tenha tomado um canal do rio que poderia levá-lo de volta ao Atlântico, localizado a cerca de mil quilômetros do ponto do encalhe.
Os moradores da comunidade do Piquiatuba (a 150 km de Santarém) temem que a baleia, da espécie minke, que se tornou a atração do local, esteja em perigo.
Pelo único telefone do povoado, o professor Jonathás dos Santos, 29, disse que a baleia foi vista seguindo o rumo oposto ao mar, em direção à cidade de Itaituba. "O rio Tapajós está mais seco e com mais bancos de areia nesse ponto [próximo a Itaituba]."
O Ibama não confirmou a informação do morador. "A baleia foi embora hoje [ontem] e não foi mais avistada. Não seguiu para Itaituba, provavelmente pegou o canal do rio e deve estar procurando seu rumo", disse o biólogo Daniel Cohenca, gerente-executivo do Ibama em Santarém.
Ontem, biólogos do Ibama e especialistas do IBJ (Instituto Baleia Jubarte) percorreram a região com barcos e helicópteros, mas não conseguiram localizar a baleia.
Antes de desaparecer, o animal estava com batimentos cardíacos normais e sem queimaduras, segundo biólogos que o examinaram. Foi detectada uma escoriação superficial no dorso, causada provavelmente por doença ou por acidente com alguma embarcação.
A suspeita é a de que o animal, que vive no mar, tenha se perdido de sua rota, desorientada por doença ou acidente, e entrado no rio Amazonas pela ilha de Marajó. O rio Tapajós é afluente do rio Amazonas.

Atração
Nos dias em que permaneceu nas águas do rio Tapajós, a baleia tornou-se atração turística da comunidade do Piquiatuba, composta por 74 famílias.
O Ibama foi obrigado a fazer um cordão de isolamento em torno do animal, devido ao assédio de curiosos. "Foi muito difícil a operação de resgate ontem [anteontem], porque tinha muita gente querendo ver a baleia e tirar fotos. Mas estamos felizes porque ela tomou o rumo dela, a melhor maneira para ela conseguir voltar para a natureza", afirmou Cohenca.


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