|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após pagamento de resgate, comerciante é morto no Rio
Polícia trabalha com as hipóteses de vingança e homicídio depois de extorsão
Carlos Alberto Rêgo da Cunha, 54, que possuía condenação por homicídio, foi seqüestrado, e família chegou a pagar R$ 40 mil
DA SUCURSAL DO RIO
Carioca radicado há 12 anos
em São José dos Campos, o comerciante Carlos Alberto Rêgo
da Cunha, 54, foi seqüestrado
na tarde de segunda-feira, em
Niterói (região metropolitana
do Rio), e assassinado com três
tiros na mesma noite ou na madrugada seguinte. Seu corpo foi
localizado pela família apenas
na quinta-feira e enterrado ontem, no cemitério São João Batista (zona sul do Rio).
A polícia trabalha com as hipóteses de vingança e homicídio após extorsão -a família
pagou R$ 40 mil. Mas, segundo
o advogado Sergio Augusto
Correa, que entrou no último
dia 7 com um pedido de habeas-corpus preventivo em favor de
Cunha, o comerciante vinha
sofrendo freqüentes extorsões
de policiais e temia ser preso.
"Ele pode ter sido morto por
vingança de fatos passados, e
aproveitaram para arrumar um
dinheiro", disse o delegado-adjunto da 73ª DP, Nilton Silva,
que convocará os parentes para
depor. Para eles, Cunha foi vítima de extorsão e depois, morto.
De acordo com a própria família, ele já tivera passagens
pela polícia por lesão corporal,
porte ilegal de arma e tráfico de
drogas. No processo por tráfico,
foi considerado usuário e absolvido.
Mandado
A polícia divulgou ontem que
havia um mandado de prisão
contra Cunha expedido em
1989, quando fora condenado a
15 anos e seis meses de prisão
por homicídio e seqüestro. A família reconhece o homicídio,
mas diz que ele nunca foi perseguido e não se comportava como foragido. Abriu a loja de
roupas Coisas do Mar em São
José dos Campos e atuava como vendedor autônomo.
"Como ele estava limpo e trabalhando como autônomo, diziam que estava sonegando impostos", disse Correa.
O advogado afirma que, para
pedir o habeas-corpus, teve de
checar a ficha policial de Cunha
e não havia nada pendente.
"Ele pode ter tido uma vida
errada, mas estava certo agora", disse uma das filhas, que
não quis se identificar. Cunha
tinha outros sete filhos. O clima
no velório era tenso, com seguranças impedindo a aproximação de jornalistas.
Resgate
O próprio Cunha participou
da negociação do pagamento de
seu resgate. Os bandidos pediram R$ 100 mil no primeiro telefonema à família, mas fecharam em R$ 40 mil.
O dinheiro foi entregue por
uma das filhas por volta das 23h
de segunda, na avenida do Contorno, em Niterói. Ela esperou
por mais cerca de quatro horas
no local, mas seu pai não apareceu. Segundo a perícia, ele foi
morto depois do pagamento.
O corpo foi encontrado na
manhã de terça, perto de uma
favela do município de São
Gonçalo, por policiais militares, mas sem documentos.
Os parentes não tinham conseguido, na terça, registrar a
ocorrência na 73ª Delegacia de
Polícia (Neves) nem na DAS
(Divisão Anti-Seqüestro). A
primeira diz ter sido orientada
a encaminhar o caso para outra
delegacia. A segunda não considerou um seqüestro.
Texto Anterior: Guarujá: Jovem que atropelou quatro irá ao MP Próximo Texto: Seis moradores ficam feridos em tiroteio no Rio Índice
|