São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Após pagamento de resgate, comerciante é morto no Rio

Polícia trabalha com as hipóteses de vingança e homicídio depois de extorsão

Carlos Alberto Rêgo da Cunha, 54, que possuía condenação por homicídio, foi seqüestrado, e família chegou a pagar R$ 40 mil

DA SUCURSAL DO RIO

Carioca radicado há 12 anos em São José dos Campos, o comerciante Carlos Alberto Rêgo da Cunha, 54, foi seqüestrado na tarde de segunda-feira, em Niterói (região metropolitana do Rio), e assassinado com três tiros na mesma noite ou na madrugada seguinte. Seu corpo foi localizado pela família apenas na quinta-feira e enterrado ontem, no cemitério São João Batista (zona sul do Rio).
A polícia trabalha com as hipóteses de vingança e homicídio após extorsão -a família pagou R$ 40 mil. Mas, segundo o advogado Sergio Augusto Correa, que entrou no último dia 7 com um pedido de habeas-corpus preventivo em favor de Cunha, o comerciante vinha sofrendo freqüentes extorsões de policiais e temia ser preso.
"Ele pode ter sido morto por vingança de fatos passados, e aproveitaram para arrumar um dinheiro", disse o delegado-adjunto da 73ª DP, Nilton Silva, que convocará os parentes para depor. Para eles, Cunha foi vítima de extorsão e depois, morto.
De acordo com a própria família, ele já tivera passagens pela polícia por lesão corporal, porte ilegal de arma e tráfico de drogas. No processo por tráfico, foi considerado usuário e absolvido.

Mandado
A polícia divulgou ontem que havia um mandado de prisão contra Cunha expedido em 1989, quando fora condenado a 15 anos e seis meses de prisão por homicídio e seqüestro. A família reconhece o homicídio, mas diz que ele nunca foi perseguido e não se comportava como foragido. Abriu a loja de roupas Coisas do Mar em São José dos Campos e atuava como vendedor autônomo.
"Como ele estava limpo e trabalhando como autônomo, diziam que estava sonegando impostos", disse Correa.
O advogado afirma que, para pedir o habeas-corpus, teve de checar a ficha policial de Cunha e não havia nada pendente.
"Ele pode ter tido uma vida errada, mas estava certo agora", disse uma das filhas, que não quis se identificar. Cunha tinha outros sete filhos. O clima no velório era tenso, com seguranças impedindo a aproximação de jornalistas.

Resgate
O próprio Cunha participou da negociação do pagamento de seu resgate. Os bandidos pediram R$ 100 mil no primeiro telefonema à família, mas fecharam em R$ 40 mil.
O dinheiro foi entregue por uma das filhas por volta das 23h de segunda, na avenida do Contorno, em Niterói. Ela esperou por mais cerca de quatro horas no local, mas seu pai não apareceu. Segundo a perícia, ele foi morto depois do pagamento.
O corpo foi encontrado na manhã de terça, perto de uma favela do município de São Gonçalo, por policiais militares, mas sem documentos.
Os parentes não tinham conseguido, na terça, registrar a ocorrência na 73ª Delegacia de Polícia (Neves) nem na DAS (Divisão Anti-Seqüestro). A primeira diz ter sido orientada a encaminhar o caso para outra delegacia. A segunda não considerou um seqüestro.


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