São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Relatórios revelam segredos em dia de colapso no metrô

Paralisação da linha 3-vermelha afetou 150 mil passageiros em setembro

Técnico da manutenção acompanhava viagem devido a problema na cabine; teto de vagão foi usado como rota de fuga

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

O colapso por mais de duas horas da principal linha do metrô de São Paulo, em setembro, foi antecedido pelo tráfego congestionado nos trilhos, por um problema na cabine do trem e sucedido por falhas de comunicação.
O pânico entre as estações Pedro 2º e Sé naquela manhã de terça, dia 21, foi tanto que passageiros subiram no teto dos vagões para alcançar a passagem de emergência.
As informações, ocultadas em divulgações da estatal, constam de relatórios oficiais e depoimentos de operadores da linha 3-vermelha obtidos pela Folha -expondo bastidores do que pode ter agravado os transtornos.
O Metrô, na época, divulgou que uma blusa presa na porta (incidente confirmado nos relatórios) era a provável origem da paralisação. Não há qualquer indício da sabotagem cogitada pela gestão Alberto Goldman (PSDB).
O saldo do apagão foi de 18 trens danificados e mais de 150 mil pessoas afetadas.

COMUNICAÇÃO
Um dos principais problemas documentados foi a dificuldade dos operadores dos trens em manter contato por radiofrequência com equipes do CCO (Centro de Controle Operacional), que ditavam as ordens na hora do pânico.
O condutor do trem 363, que vinha logo atrás da primeira composição a parar, relatou: "Não consegui comunicar com CCO nenhuma vez", "CCO não me ouvia".
Ele citou também que não sabia se os avisos no sistema de som eram escutados pelos passageiros e decidiu pôr a cabeça para fora da cabine para falar com as pessoas.
O condutor do trem 309, primeiro a parar, relatou comunicação entrecortada com os funcionários do CCO. Os relatórios do metrô revelam ainda que, antes do colapso, o mesmo trem enfrentava problemas em um dos indicadores que balizam a velocidade que pode atingir.
Não há, por enquanto, sinal de que essa falha possa ter interferido na paralisação. Mas por conta dela havia uma condição atípica: um técnico em eletrônica, da manutenção, de 26 anos, acompanhava a viagem.
Foi ele que saiu da cabine, detectou a blusa na porta e tentou empurrá-la para dentro do vagão. O Metrô não diz se ele é treinado para isso.
Pelos depoimentos dos operadores, a parada do trem 309 antes de chegar na estação Sé ocorreu devido ao congestionamento à frente.
Ele parou na altura do X-21 (equipamento da via onde se permite a mudança entre os trilhos) por haver sinal de interferência adiante.


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