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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura está prestes a selar acordo com o Santander para ficar com prédio tradicional e instalar nova sede no centro
Marta supera Alckmin e leva "Banespinha"
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo planeja para março a mudança de sede,
do Palácio das Indústrias para o
edifício Patriarca, conhecido como "Banespinha", no viaduto do
Chá. Simbólica, a transferência
mostra como o poder municipal
passou à frente do Estado na
transferência para o centro. Há
três anos, o prédio era tido como
o futuro endereço do governador.
A transação entre a prefeitura e
o Banco Santander, que arrematou o Banespa há dois anos, é conduzida em sigilo pela equipe do
secretário das Finanças, João Sayad. A Folha apurou que o negócio está praticamente fechado.
O Santander cederia o "Banespinha" à prefeitura, e, em troca, ficaria com a possibilidade de conquistar as contas-correntes dos
funcionários públicos municipais. Só de servidores ativos, são
cerca de 105 mil novos clientes.
O negócio não custaria nada aos
cofres do município. Bastaria que
a prefeitura passasse a pagar os
salários pelo Banespa/Santander.
Hoje, os servidores recebem pelo
Banco do Brasil.
Já para a instituição financeira,
ganhar 105 mil correntistas vale
muito. Quando o Santander comprou o banco estatal, este possuía
cerca de 2,7 milhões de clientes.
Ambos os governos firmaram
compromisso de transferir secretarias e gabinetes para o centro
histórico de São Paulo com o objetivo de revitalizar a região. A
idéia foi lançada há cerca de dez
anos pela Associação Viva o Centro, quando foi fundada.
Em sete anos de governo do
PSDB, o Estado vai para a segunda transferência. Depois da Secretaria da Cultura, muda-se hoje,
para a rua Líbero Badaró, a Secretaria da Segurança Pública. Já a
prefeitura, em menos de um ano,
caminha para a quinta mudança
para o centro.
Nas sondagens do governo do
Estado, o "Banespinha" era considerado o melhor imóvel para
abrigar o gabinete do governador
Geraldo Alckmin.
Há pelo menos três anos, a administração estadual estuda deixar o Palácio dos Bandeirantes,
no Morumbi. Não só porque
abraçou primeiro a idéia de revitalização do centro, mas também
porque a atual sede é distante da
área central (cerca de 20 km), que
dispõe de infra-estrutura superior
à verificada no bairro da zona sul.
Segundo Eduardo Izumino,
coordenador-técnico do programa Revive São Paulo, que, entre
outras funções, cuida das mudanças de secretarias, o "Banespinha"
era, na verdade, uma das opções
para abrigar o gabinete do governador. "Entraram na discussão
também o Palácio dos Campos
Elíseos, na avenida Rio Branco, e
o Colégio Caetano de Campos, na
praça da República, atual sede da
Secretaria da Educação", diz.
No entanto o "Banespinha" foi
o único que mereceu, do governo,
um estudo arquitetônico, encomendado ao escritório Piratininga Arquitetos Associados em
1999. "Eu, particularmente, considero o Caetano de Campos, que
tem um ar de Casa Rosada (sede
do governo argentino), melhor
opção que o Patriarca", considera
Marco Antonio Ramos de Almeida, presidente da Viva o Centro.
Já a administradora regional da
Sé, Clara Ant, diz que o Campos
Elíseos seria uma ótima idéia. "É
uma construção lindíssima."
Para a prefeitura, as mudanças
para o centro histórico representam também economia de recursos. A Secretaria da Saúde, por
exemplo, poupou cerca de R$ 1
milhão anuais ao deixar, em junho, um imóvel alugado na avenida Paulista para outro, do município, na rua General Jardim. Ao
trocar a avenida Paulista pelo edifício Martinelli, a Secretaria do
Planejamento baixou as despesas
de aluguel e condomínio de R$
126.629,19 para R$ 55.840. Economia anual de R$ 849.470,28.
Além da economia, as novas sedes de secretarias têm poder para
requalificar a vizinhança. A transferência da Secretaria Municipal
da Cultura para o prédio que abriga o antigo cinema Olido é o melhor exemplo. A mudança está
praticamente certa, e, além de
abrigar o órgão, o imóvel deverá
virar um centro cultural.
Repleta de cinemas e teatros de
sexo explícito, o início da avenida
São João, onde está o Olido, é a
imagem mais bem-acabada da
decadência do centro histórico. A
duas quadras da futura sede da secretaria, na rua 24 de Maio, estará
um novo centro cultural do Sesc.
Com isso, deverá mudar o perfil
de frequentadores do calçadão
que liga os dois endereços.
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