|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para especialista do IBGE, a assinatura de convênios entre hospitais e cartórios poderia ser a solução
Mais de um quinto dos bebês não é registrado
DA SUCURSAL DO RIO
Mais de um quinto das crianças
que nascem no Brasil não existe
legalmente. Em 2000, 21,3% dos
nascidos não foram registrados
no mesmo ano. Segundo a pesquisa Estatística do Registro Civil,
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), a situação
é pior nas regiões mais pobres. No
Norte, quase metade -48,2%-
dos bebês não tinha certidão de
nascimento em 2000. No Nordeste, o percentual era de 35,6%.
O Sudeste é a região com o
maior percentual de crianças registradas perto do nascimento: só
6,3% ficam sem a certidão no ano
do parto. A seguir, aparecem o Sul
(11,3%) e o Centro-Oeste (19,7%).
Mesmo ainda em patamares
elevados, os números melhoraram na década de 90. Em 1991,
29,2% das crianças brasileiras não
eram registradas. No Norte, o percentual chegava a 65,1% e, no
Nordeste, a 53,6%.
A metodologia do IBGE considera sem registro os bebês que
não receberem a certidão no ano
do nascimento. Para chegar a eles,
o IBGE compara o número de registrados com as estimativas para
o total de nascimentos.
O documento pode ser tirado
quando a criança entra na escola,
quando o jovem se alista nas Forças Armadas ou quando solicita o
título de eleitor.
O IBGE pesquisou ainda a retirada tardia da certidão. Em 1990,
25,6% das crianças recebiam o registro até dez anos após o nascimento. Em 2001, o percentual foi
de 27,5%.
Para o gerente do Departamento de Indicadores Sociais do IBGE, Antonio Tadeu de Oliveira,
isso não significa piora, mas que
mais gente está se regularizando.
O fenômeno, diz, acontece com
mais intensidade nos anos eleitorais, quando as pessoas são estimuladas a tirar o título de eleitor.
Como solução para o problema,
Oliveira sugere que o governo incentive hospitais e maternidades
a ter convênios com cartórios para que o registro ocorra no local
de nascimento. É que cerca de
95% dos partos, segundo o IBGE,
são feitos na rede hospitalar.
Em 2000, 2,5 milhões de crianças foram registradas, contra 3,2
milhões nascidos na rede de hospitais. Ou seja, o IBGE estima que,
com a medida, mais 700 mil
crianças poderiam receber a certidão. Para 2000, a projeção de nascimentos era de 3,5 milhões.
Mortes
Para o IBGE, mais dramática
ainda é a falta de registro de mortes, que só pode ser feito logo após
o óbito. Em 2001, 22,8% dos mortos não entraram nas estatísticas.
Em 1991, o percentual era 28,3%.
Para o IBGE, a situação estimula
os cemitérios clandestinos.
(PEDRO SOARES)
Texto Anterior: Mulheres querem se casar novamente Próximo Texto: Mulher lidera pedido de separação Índice
|