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Padrasto confessa ter inserido agulhas em menino na Bahia
Ele contou que levava a criança a centro de rituais por sugestão de uma amante
Espetado por quase 50 agulhas, o menino continuava internado ontem em estado grave
e pode sofrer operação
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O padrasto do menino de
dois anos internado na Bahia
com quase 50 agulhas dentro
do corpo foi preso ontem após
confessar que introduziu os objetos na criança em sessões de
um ritual religioso, disse um
agente da Polícia Civil de Ibotirama (643 km de Salvador).
Roberto Carlos Magalhães
Lopes, que vivia com a mãe do
menino havia um ano e meio,
disse à polícia que levava a
criança a um centro de rituais
por sugestão de uma amante,
segundo o agente policial.
A suposta amante, que nega
envolvimento com Lopes, e a
dona do centro de rituais religiosos também foram presas.
Seus nomes não foram divulgados. A Agência Folha não localizou os advogados dos acusados.
A criança continuava internada ontem na UTI do hospital
do Oeste, em Barreiras (858 km
de Salvador), em estado grave,
porém estável.
Anteontem, em depoimento,
a mãe do menino disse que não
sabe como as agulhas foram parar no corpo dele e que achava
que Lopes poderia ter usado o
garoto num ritual de magia negra. Na noite de terça-feira,
quando prestou esclarecimentos na delegacia, Lopes negou
ter inserido as agulhas.
Na tarde de ontem, ele foi detido para "averiguações" após
dar entrada num hospital local
com sintomas de pressão baixa.
Ao falar novamente à polícia
sobre o caso, confessou.
O menino foi internado na
madrugada de domingo. Exames de raio-X detectaram quase 50 agulhas de costura, cada
uma com 4,5 centímetros, em
diferentes partes de seu corpo.
Ao menos uma das agulhas
perfurou um dos pulmões. A
equipe médica avaliava ontem
a possibilidade de uma cirurgia
para a retirada das agulhas. Segundo Arnaldo Lichtenstein,
clínico-geral do Hospital das
Clínicas de SP, as agulhas não
se movimentam pelo corpo.
Uma agulha inserida na perna
não chegaria até o pulmão.
Uma possibilidade é que algumas tenham sido engolidas e
perfurado o estômago, atingindo órgãos vizinhos. A agulha do
pulmão pode ter sido inserida
pelo peito. De qualquer forma,
elas deviam estar incomodando o menino e causando dor,
acredita o médico. Segundo ele,
uma eventual cirurgia para retirar as agulhas deve priorizar
as que podem provocar danos a
órgãos vitais.
Aquelas que estão na perna,
por exemplo, se não estiverem
causando dor, podem ser deixadas lá. "Com o tempo, o organismo isola o corpo estranho e
não há infecção", diz o médico.
Colaborou GABRIELA CUPANI , da Reportagem
Local
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