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Filha de diretor da Dersa atua para empresa do Rodoanel
Priscila de Souza trabalha em escritório que defende empreiteiras contratadas pelo Estado
Priscila é filha de Paulo Vieira de Souza, diretor da Dersa investigado pela Polícia Federal no caso Camargo Corrêa
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A filha de Paulo Vieira de
Souza, diretor da Dersa, empresa do Estado responsável
pela construção do Rodoanel, é
advogada das empreiteiras
contratadas pelo governo de
São Paulo para construir a alça
sul do anel viário em pelo menos um dos processos do TCU
(Tribunal de Contas da União)
que apontou indícios de superfaturamento no projeto.
Priscila Arana de Souza trabalha no escritório Edgard Leite Advogados Associados, que
defende as mesmas construtoras no TCE (Tribunal de Contas do Estado) em casos que envolvem as obras do Rodoanel.
O escritório onde ela trabalha é especializado em atender
grandes empreiteiras e ainda
atua em processos na Prefeitura de São Paulo para a EIT (Empresa Industrial Técnica).
Neste ano, a EIT dividiu com
a Egesa, por R$ 456 milhões,
metade da obra da Nova Marginal, também gerenciada pelo
engenheiro Paulo de Souza, diretor da Dersa.
Formada pela FMU (Faculdade Metropolitanas Unidas)
em São Paulo em 2002, Priscila
foi contratada em junho de
2006, quando seu pai já trabalhava na estatal.
Procurada pela Folha por
três semanas, ela não respondeu ao pedido de entrevista.
Camargo Corrêa
Uma das empreiteiras do Rodoanel que é cliente do escritório é a Camargo Corrêa.
Segundo a Polícia Federal, há
suspeitas de que a empresa tenha pago propina ao diretor da
Dersa e pai dela por conta da
obra do anel viário, no âmbito
da Operação Castelo de Areia.
A Procuradoria da República,
em São Paulo, requisitou a inclusão de Paulo de Souza na lista de autoridades investigadas
por suspeita nas irregularidades em obras públicas.
Além das investigações do
TCU, a obra do Rodoanel também é investigada pela Procuradoria da República e pelo Ministério Público Estadual.
No mês passado, vigas de um
viaduto em construção no trecho sul desabaram sobre a rodovia Régis Bittencourt, deixando três feridos.
O consórcio responsável por
esse trecho da obra (formado
por OAS, Mendes. Jr e Carioca)
também é um dos defendidos
pelo escritório de advocacia onde trabalha Priscila.
Mais recentemente, em fevereiro deste ano, esse escritório
contratou mais uma advogada
próxima a autoridades do governo paulista -Nathália Annette Vaz de Lima, filha do líder
da gestão Serra na Assembleia
Legislativa, José Carlos Vaz de
Lima (PSDB).
O deputado estadual Vaz de
Lima é um dos políticos mais ligados a Aloysio Nunes. Ambos
são de São José do Rio Preto
(SP) e têm base política na cidade. Via assessoria, o deputado
disse que não há nenhum problema no fato de sua filha trabalhar no escritório.
Empréstimos
A família de Paulo de Souza
tem ligações estreitas com o secretário de Estado da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira Filho, um dos pré-candidatos do
PSDB ao governo de SP, caso
José Serra não dispute o cargo.
Em 2007, a advogada e sua
mãe, Ruth, fizeram um empréstimo de R$ 300 mil a Aloysio Nunes -Priscila respondeu
pela maior parcela, R$ 250 mil.
Aloysio diz ter usado o dinheiro para pagar parte do
apartamento que comprou em
Higienópolis e que quitou todo
o valor até este ano, em parcelas, mas tudo sem juros.
Assim como o diretor da Dersa, Aloysio também é citado nas
investigações da PF que envolvem a Camargo Corrêa. O chefe
da Casa Civil paulista é apontado como suposto beneficiário
de um repasse de US$ 15.780,
pago pela empreiteira em 1998.
Ele diz que todas as doações
que recebe são legais.
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