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Promotoria prefere acordo a pedido de interdição de obra
Em vez de pedir preservação judicial da área, Ministério Público acertou que as próprias empreiteiras darão dados para a perícia
Via Amarela deve orientar ação de peritos; Sindicato dos Metroviários critica a medida e diz que o grupo
não iria se incriminar
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de afirmar que o desabamento da linha do metrô
em Pinheiros aconteceu por
um erro de engenharia e de ter
cogitado pedir a preservação da
área na Justiça, o Ministério
Público optou ontem por uma
medida mais branda.
O órgão preferiu fazer uma
espécie de acordo com o Consórcio Via Amarela -responsável pela obra e investigado pela
possível falha técnica- para garantir a preservação da área para a realização da perícia.
Em vez de pedir a preservação judicial, que funcionaria
como uma interdição, o Ministério Público e a polícia paulista
solicitaram ontem ao consórcio
a elaboração de um plano que
teria detalhes sobre a área do
desabamento e informações
para orientar os técnicos na perícia das causas do acidente.
Na prática, esse plano funcionaria como uma forma de preservação do local, sem o desgaste de uma interdição, e garantiria a colaboração do consórcio
no trabalho dos peritos.
A medida mais branda foi definida ontem, após uma reunião entre o delegado Dejair
Rodrigues, da Seccional Oeste,
o promotor criminal José Carlos Blat e peritos do IC (Instituto de Criminalística).
Foi o delegado quem ligou
para o consórcio e tratou da
elaboração do plano, que deve
ser entregue na próxima semana, quando um representante
da obra prestará depoimento.
"O pessoal do consórcio vai colaborar e, tão logo termine o
resgate das vítimas, terão início
os trabalhos periciais."
Blat admitiu que já existem
elementos suficientes para justificar o pedido de preservação
do local à Justiça e que essa era
a idéia inicial. Mas ele disse que
se optou por uma medida menos burocrática e mais eficaz.
"Os peritos do IC e do Ministério Público também aconselharam a adoção dessa medida", disse o promotor.
Segundo ele, o Ministério
Público pode pedir a preservação judicial a qualquer momento se o plano não for elaborado.
Blat disse também que todas as
etapas da análise serão monitoradas por peritos designados
pela Promotoria e pela polícia.
"Eu acho esse acordo muito
temerário. Você vai dar ao consórcio a decisão de colaborar e
informar da forma que quiser.
E por acaso ele vai se incriminar? As vítimas e a população
de São Paulo não merecem isso", afirmou Manoel Xavier Lemos, secretário do Sindicato
dos Metroviários.
A polícia pretende ouvir hoje
o subprefeito de Pinheiros, Nilton Elias Nachle, no inquérito
sobre as mortes. Os policiais
querem dados sobre as reclamações de moradores sobre rachaduras nas casas. Dez pessoas já prestaram depoimento.
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