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Nova chacina ocorre após morte de coronel
7 pessoas foram assassinadas na zona norte de SP; polícia suspeita de ligação entre os crimes, que ocorreram com intervalo de 16 h
Comandante da Polícia Militar na zona norte da capital investigava ação de grupo de extermínio que seria formado por PMs
GILMAR PENTEADO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dezesseis horas após o assassinato do comandante da Polícia Militar na zona norte de São
Paulo, coronel José Hermínio
Rodrigues, 48, que investigava
o suposto envolvimento de
seus subordinados em chacinas
e na atuação de grupos de extermínio, a mesma região voltou a registrar um novo caso de
homicídios múltiplos.
Às 2h40 de ontem, sete pessoas -seis homens e uma mulher- foram mortas com dezenas de tiros e outras duas foram
feridas na primeira chacina registrada no Estado em 2008. O
crime ocorreu no bar Bad Boys,
no Jardim Cabuçu (zona norte), região cujo policiamento
era comandado pelo coronel.
A Polícia Civil investiga a ligação entre os dois episódios.
São duas as principais hipóteses: ou o grupo responsável pela morte do coronel quis demonstrar força cometendo a
chacina ou cometeu outro crime para desviar a atenção sobre a morte do oficial.
Quando assumiu o cargo, em
janeiro de 2007, o coronel Hermínio começou a participar das
investigações sobre o suposto
envolvimento de PMs nessas
mortes. Ele foi morto em uma
emboscada às 10h50 de anteontem, quando passeava de
bicicleta. Foi atingido por seis
tiros disparados por um motoqueiro. Segundo uma testemunha, o assassino usava coturnos, calçados usados por PMs.
Ontem, no Jardim Cabuçu,
testemunhas disseram que dois
homens chegaram em uma ou
duas motocicletas e começaram a atirar contra as pessoas.
Os disparos duraram pelo
menos um minuto, segundo
disse um morador à Folha. No
total, as sete vítimas que morreram foram atingidas por 35
tiros -um dos mortos chegou a
ser atingido por oito disparos.
Foram achadas no local 20
cápsulas de pistola 380 e 16 de
pistola 9 mm (uso restrito das
Forças Armadas e da polícia).
Três homens foram encontrados mortos na calçada
-Marcelo Luiz de Almeida,
que completou 38 anos ontem,
José Carlos Luziano, 25, e Alexandre Carlos de Souza, 27, que
era mudo.
As outras vítimas que morreram -Luciano Barbosa Oliveira, 26, Sueli Francisco dos Santos, 29, Ricardo Basílio, 27, e
Luiz Francisco da Silva Filho,
38,- foram encontradas no interior do bar. Outros dois homens -de 31 e 35 anos- foram
hospitalizados.
O estado de saúde dos dois
era considerado estável. O dono do bar se escondeu embaixo
do balcão e escapou ileso. Os
três foram ouvidos pelo DHPP
(Departamento de Homicídios
e Proteção à Pessoa) e afirmaram não poder identificar os
assassinos. Também disseram
ignorar o motivo do crime.
Das nove pessoas atingidas
pelos tiros, duas tinham passagem pela polícia, mas apenas
por crimes leves. José Carlos
Luziano tinha antecedentes
por uma tentativa de furto, em
2002. Um dos sobreviventes
tem passagem pelo Juizado Especial Criminal (esfera da Justiça que só trata de crimes de
menor potencial).
Segundo o delegado Marcos
Carneiro Lima, do DHPP, os
projéteis encontrados no corpo
do coronel Hermínio serão
comparados com os localizados nas vítimas da chacina de
ontem. Uma pistola 380 foi utilizada nos dois episódios.
Lima disse que a relação dos
dois casos ainda está sob investigação. "Isso [a chacina] aí pode ser desde um oportunista
querendo aproveitar todo esse
clamor até a possibilidade de
quem matou o coronel ter se
juntado com mais alguém para
fazer esse crime para desviar o
foco da investigação. Tudo isso
é plausível", disse o delegado.
"Também pode ser alguém que
quer mostrar que, com a morte
do coronel, pode-se matar na
região", conclui.
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