São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2011

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Suspeito quis matar prefeito para ter seu cargo, diz polícia

Investigação aponta ambição política de ex-secretário de Habitação de Jandira

Wanderley de Aquino está preso, mas nega as acusações; disputa por supostas propinas teria motivado assassinato

AFONSO BENITES
ANDRÉ CARAMANTE

DE SÃO PAULO Investigações da polícia apontam que o ex-secretário de Habitação de Jandira (Grande SP) Wanderley de Aquino (PSB) queria ser prefeito após o assassinato do então detentor do cargo Walderi Braz Paschoalin (PSDB).
Aquino está preso sob a suspeita de ser o mandante do crime, ocorrido em 10 de dezembro quando o prefeito chegava a uma rádio local. Ele nega envolvimento.
Conforme policiais ouvidos pela Folha, o ex-secretário teve um desentendimento com o prefeito sobre supostas propinas que eram pagas por empresários que tinham negócios com a prefeitura.
Depois disso, Aquino foi informado de que seria demitido em janeiro de 2011.
Após a discussão, teria começado a trama, diz a polícia. Aquino teria contratado assassinos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar o prefeito.
A ideia era que, com a cadeira dele vaga, a vice-prefeita Anabel Sabatine (PSDB) não assumisse o cargo por medo. Antes do prefeito, outros dois políticos, um vereador e um suplente de vereador, tinham sido mortos.
Dessa forma, com a renúncia da vice-prefeita, o presidente da Câmara Municipal, o vereador Wesley Teixeira (PSB), assumiria a função e teria de convocar eleições indiretas. Aquino, então, seria candidato ao cargo e usaria o dinheiro arrecadado com propinas para convencer os parlamentares a votar nele.
A gestão de Paschoalin estava sendo investigada pelo Ministério Público por pagar um mensalinho para 6 dos 11 vereadores de Jandira.
O suposto plano começou a falhar quando a vice-prefeita aceitou assumir o cargo.
Para tentar intimidá-la, Aquino foi até o gabinete da nova prefeita e disse que queria ser o novo secretário de Governo. Assim, ao menos teria mais poder sobre os contratos municipais. Sabatine não aceitou e ele acabou preso seis dias após o assassinato do prefeito.

BANDO
Além do ex-secretário Aquino, outras seis pessoas estão presas e há um foragido, o ex-PM Robson da Silva Lobo, suspeito de fornecer as armas e ajudar no planejamento do crime.
Imagens das câmeras de monitoramento da Prefeitura de Jandira flagraram o momento que esse ex-policial recebia R$ 200 mil de dois homens um dia antes da morte de Paschoalin. Esse dinheiro, diz a polícia, era a metade de seu pagamento por participar do esquema. O restante seria pago após a morte do prefeito.


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