São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Escola levará artistas plásticos ao sambódromo

Bienal abre alas para ensaio da Nenê em pleno parque Ibirapuera

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das escolas de samba mais populares e tradicionais de São Paulo, com base na zona leste, a Nenê de Vila Matilde levará neste ano ao Sambódromo do Anhembi um tema erudito, falando da arte paulistana, das opções culturais e da Bienal, com a presença de sete artistas plásticos renomados que pintarão telas no decorrer do desfile da madrugada de domingo -incluindo nomes como Siron Franco, Ivald Granato, José Roberto Aguilar e Cláudio Tozzi.
Essa aproximação entre representantes da elite artística com uma comunidade da periferia já teve um ensaio geral ontem, por volta das 20h, quando a Bienal abriu suas portas no parque Ibirapuera para, pela primeira vez em sua história, receber uma bateria de escola de samba.
Na apresentação do Anhembi, além dos artistas plásticos que farão os acabamentos de suas telas em cima de um carro alegórico, a Nenê ainda terá uma ala de convidados da Bienal e de artistas que serão responsáveis por preparar suas próprias fantasias. As obras dos artistas plásticos que participarão do desfile serão leiloadas -a verba será usada para investir em cursos profissionalizantes da escola de samba da zona leste.
A parceria entre as duas partes começou por indicação de Ziraldo, homenageado no Carnaval de 2003, e também atendeu aos interesses da Fundação Bienal, que tenta se popularizar -seu presidente, Manoel Francisco Pires da Costa, diz que, neste ano, a entrada na 26ª Bienal, que começará em setembro, deve ser gratuita.
"Estava faltando esse diálogo, esse entrosamento [entre as culturas erudita e popular]", afirma. "Não que a Bienal seja elitista, mas ela tem essa imagem. Queremos a sociedade mais próxima."
A Nenê também terá em seu desfile a participação de atores da minissérie da TV Globo "Um Só Coração", que fala da história de São Paulo do começo do século passado. E vai fechar a apresentação com um balé, segundo Raul Diniz, carnavalesco da escola.
A presença de temas eruditos no enredo também foi uma forma de tentar atrair a alta sociedade paulistana ao Carnaval de São Paulo. "Hoje é possível encontrar um monte de paulistano na Marquês de Sapucaí [no Rio] que nunca participou dos desfiles do Anhembi. Eles têm que conhecer aqui, é preciso mudar", diz Diniz.


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