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CARNAVAL
Design foi inspirado na imagem de uma árvore
Artistas americanos criam trio elétrico diferente em Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Depois de quase três décadas
sendo puxado por caminhões, o
trio elétrico vai ganhar uma inovação no Carnaval de Salvador
(BA). Na madrugada da próxima
segunda-feira, dois artistas norte-americanos -Matthew Barney,
marido da cantora Björk, e Arto
Lindsay- levam para as ruas da
Barra (centro) um novo conceito
arquitetônico para a estrutura
que arrasta milhares de foliões.
O design arquitetônico do novo
trio foi inspirado na imagem de
uma árvore. À frente, um trator,
coberto de lama, vai comandar as
ações do palco ambulante. Um
pouco atrás, uma figura foi colocada em cima da árvore para simbolizar Julia Butterfly Hill, ativista
ecológica que permaneceu dois
anos (97/99) morando no topo de
uma árvore antiga para evitar o
desmatamento na Califórnia.
"Posso tomar vaia ou ser aplaudido, não sei o que vai acontecer",
disse o artista plástico Matthew
Barney, que acaba de concluir seu
projeto "Cremaster Cycke" (cinco
filmes, escultura, fotografia e desenho), que deve chegar aos cinemas brasileiros até o final do ano.
Segundo o músico Arto Lindsay, autor da maioria das músicas
que compõem a trilha sonora do
trio, o projeto foi inspirado no
próprio Carnaval da Bahia. "Aqui
(em Salvador) as pessoas são colocadas frente a frente com fortes
contrastes sociais." Lindsay
-que foi criado no Brasil- já
produziu discos de Caetano Veloso e Marisa Monte, entre outros.
A trilha sonora da "novidade
ambulante" também será diferente da dos trios convencionais, que
tocam basicamente músicas baianas. "Vamos apresentar músicas
de blocos afros, sambas populares
e canções de rock", disse Barney.
"O Carnaval da Bahia é uma festa popular. Então, vamos incorporar suas qualidades no projeto", disse o artista, que quer fazer
um documentário sobre o trio.
Os autores não esqueceram o
candomblé. Barney escolheu o
orixá Ogum para iniciar os seus
trabalhos. "Ogum é o orixá da
guerra e do ferro, elementos que
estão refletidos no nosso trio."
Segundo os organizadores, mil
convidados vão participar do desfile do bloco. "Nós queremos demonstrar que não podemos e não
devemos tratar a pobreza com a
própria pobreza", disse o coordenador do Cortejo Afro, entidade a
ser puxada pelo trio, Alberto Pita.
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