São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Design foi inspirado na imagem de uma árvore

Artistas americanos criam trio elétrico diferente em Salvador

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Depois de quase três décadas sendo puxado por caminhões, o trio elétrico vai ganhar uma inovação no Carnaval de Salvador (BA). Na madrugada da próxima segunda-feira, dois artistas norte-americanos -Matthew Barney, marido da cantora Björk, e Arto Lindsay- levam para as ruas da Barra (centro) um novo conceito arquitetônico para a estrutura que arrasta milhares de foliões.
O design arquitetônico do novo trio foi inspirado na imagem de uma árvore. À frente, um trator, coberto de lama, vai comandar as ações do palco ambulante. Um pouco atrás, uma figura foi colocada em cima da árvore para simbolizar Julia Butterfly Hill, ativista ecológica que permaneceu dois anos (97/99) morando no topo de uma árvore antiga para evitar o desmatamento na Califórnia.
"Posso tomar vaia ou ser aplaudido, não sei o que vai acontecer", disse o artista plástico Matthew Barney, que acaba de concluir seu projeto "Cremaster Cycke" (cinco filmes, escultura, fotografia e desenho), que deve chegar aos cinemas brasileiros até o final do ano.
Segundo o músico Arto Lindsay, autor da maioria das músicas que compõem a trilha sonora do trio, o projeto foi inspirado no próprio Carnaval da Bahia. "Aqui (em Salvador) as pessoas são colocadas frente a frente com fortes contrastes sociais." Lindsay -que foi criado no Brasil- já produziu discos de Caetano Veloso e Marisa Monte, entre outros.
A trilha sonora da "novidade ambulante" também será diferente da dos trios convencionais, que tocam basicamente músicas baianas. "Vamos apresentar músicas de blocos afros, sambas populares e canções de rock", disse Barney.
"O Carnaval da Bahia é uma festa popular. Então, vamos incorporar suas qualidades no projeto", disse o artista, que quer fazer um documentário sobre o trio.
Os autores não esqueceram o candomblé. Barney escolheu o orixá Ogum para iniciar os seus trabalhos. "Ogum é o orixá da guerra e do ferro, elementos que estão refletidos no nosso trio."
Segundo os organizadores, mil convidados vão participar do desfile do bloco. "Nós queremos demonstrar que não podemos e não devemos tratar a pobreza com a própria pobreza", disse o coordenador do Cortejo Afro, entidade a ser puxada pelo trio, Alberto Pita.


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