São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 2006

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EDUCAÇÃO

Desde novembro do ano passado, instituição já cortou 30% do quadro de docentes e 28% do de funcionários

Igreja demite mais 322 professores da PUC

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica, por meio da Fundação São Paulo, informou ontem que 322 professores e 114 funcionários da PUC-SP serão demitidos. Os números representam, respectivamente, 18,2% e 9,1% do total do quadro.
Considerando os cortes anteriores, feitos pela própria universidade, a instituição perdeu cerca de 30% de seus docentes e funcionários desde novembro.
A Arquidiocese de São Paulo, a qual a PUC é vinculada, afirmou que essa é a última lista de cortes na universidade, que busca acabar com um déficit mensal de R$ 4 milhões e que possui uma dívida bancária de R$ 82 milhões, acumulada desde a década passada.
A reitora da PUC, Maura Véras, disse que a relação foi feita pelos membros nomeados pela igreja para reestruturar a universidade -ou seja, sem a participação da instituição. Ela afirmou que viu a lista anteontem. "Levei um susto. Muitos nomes dali eu considero importantes para nós."
O secretário de comunicação da Arquidiocese, padre Juarez de Castro, nega e diz que a lista foi feita conjuntamente com Véras -eleita por professores, funcionários e estudantes em 2004.
Desde novembro passado, as unidades da PUC discutem como atender à exigência dos bancos de acabar com o déficit mensal de R$ 4 milhões. A proposta formulada representou uma economia de R$ 3,1 milhões (78% da meta).
Como os bancos não aceitaram esse corte, dom Cláudio Hummes (que ocupa o principal cargo da PUC e da Fundação São Paulo, mantenedora da universidade) mudou a composição da Secretaria Executiva, órgão responsável pela gestão da escola, concentrando os poderes nas mãos de dois padres. O ajuste ficou a cargo deles. O padre Juarez disse que os demitidos, em sua maioria, eram aposentados, com mais idade ou tinham outro emprego e que alguns setores serão terceirizados.
Para docentes, funcionários e alunos, houve uma intervenção da igreja na instituição. A Arquidiocese nega, alegando que Véras continua como membro da Secretaria Executiva e participou da reestruturação. Os demitidos começaram a ser avisados anteontem por telefone, uma vez que as aulas só voltam em 2 de março. Ontem, houve protestos na universidade. Na semana que vem, haverá assembléias para definir se ocorrerá greve.


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