São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2007

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SAÚDE

Saiba como sobreviver aos excessos do Carnaval

Muito álcool, sol, atividade física e falta de água e comida podem atrapalhar a festa

Não ficar em jejum, se alimentar corretamente e tomar muito líquido são os principais conselhos para sobreviver à farra

CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL

"Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não." A marchinha dá o tom: Carnaval é tempo de excessos. Álcool, falta de sono, má alimentação, muito sol e atividade física podem atrapalhar a festa.
O melhor é não exagerar, mas se o momento for de extravasar, alguns cuidados evitam o comprometimento da saúde.
O álcool atua sobre o hormônio antidiurético, que controla a urina. Sem o hormônio, a pessoa passa a ir ao banheiro muitas vezes e depois fica desidratada. "Esse é o principal fator do mal-estar", afirma Marcelo Ribeiro Júnior, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Além disso, o álcool sobrecarrega as funções hepáticas, atrapalhando o metabolismo -a transformação da molécula de álcool em açúcar.
"O ideal é não ter grande abuso, mas a gente sabe que nessa época é quase impossível", admite o médico. Então, para evitar a ressaca algumas dicas ajudam: tomar antes, durante e depois, bebidas não alcoólicas e manter o estômago cheio.
Repousar no dia seguinte é uma forma de dar trégua ao organismo. "Toda a parte imunológica, metabólica, que precisa de substrato energético, está debilitada e uma hora o corpo abre o bico. O repouso serve para correr atrás do atraso."
O álcool afeta o sistema nervoso central, causando, primeiro, a excitação, depois, a sonolência. Passou do ponto, não tem retorno, e o corpo vai demorar de 6 a 10 horas para excretar todo o álcool.
Entre as comidas, segundo o endocrinologista e nutrólogo da Unifesp João César Castro Soares, o melhor é optar por alimentos de fácil digestão como carboidratos (arroz, pão, massas e batatas) e frutas. Alimentos gordurosos, como frituras, devem ser evitados porque pesam no estômago.
É importante comer a cada duas, três horas. Frutas, barrinhas de cereal ou bolachas dão energia e são fáceis de carregar. Assim, a pessoa evita a hipoglicemia, que pode ocorrer também pelo excesso de álcool.
"Se se cuidar, não ficar em jejum, comer legal, evitar coisas pesadas e tomar muito líquido, a pessoa sobrevive à farra."
Se no dia-a-dia deve-se beber dois litros de água, durante o Carnaval o ideal são três litros. "Água, água de coco, suco e bebidas isotônicas ajudam a repor no organismo os componentes perdidos, como sódio e potássio", afirma Flávio Dantas, clínico geral da Unifesp.
O calor e a exposição ao sol podem agravar um quadro de desidratação. A insolação acontece quando há excesso de exposição ao sol. A pessoa sente uma fraqueza progressiva, enjôo, sudorese, a pressão cai e a pele fica úmida e fria.
Quando se perde muito líquido e faz muito calor, pode ocorrer a exaustão. Nessa caso, pode haver dor de cabeça, tontura, pulso mais rápido e até a perda da consciência.
Dantas alerta ainda para as infinitas horas atrás do trio elétrico. "É como qualquer atividade física. O excesso pode causar dor muscular, articular e até alguma coisa na parte circulatória se o organismo não está preparado para o esforço concentrado e a situação é adversa [sob sol, calor e bebida]", diz.
Nesse caso, ao sentir tontura ou o coração disparado, é hora de parar e apreciar a paisagem.


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