São Paulo, sábado, 18 de março de 2000


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Três pré-candidatos vão ao velório

da Reportagem Local

Pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, representantes de ambulantes e sindicalistas culpam a omissão do poder público na proteção de testemunhas que denunciaram casos de corrupção na administração municipal pela morte do presidente da Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo, Gilberto Monteiro da Silva.
O ambulante, assassinado a tiros anteontem, ficou conhecido ao denunciar um esquema de corrupção de fiscais municipais que extorquia dinheiro das 226 bancas de camelô do viaduto Santa Ifigênia (centro).
Suas denúncias contribuíram para a cassação do então deputado estadual Hanna Garib (expulso do PPB), que seria o beneficiário das propinas quando era vereador. Silva não tinha proteção.
Três pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo compareceram ontem ao velório de Silva: Luiza Erundina, (PSB), Marta Suplicy (PT) e Mangabeira Unger (PPS).
"É lamentável que o poder público não tenha garantido a segurança desse rapaz". disse Erundina. Marta Suplicy, pré-candidata pelo PT, afirmou que a morte do ambulante tem relações com as denúncias feitas pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta.
Entre outras afirmações, Nicéa disse que o prefeito Celso Pitta deu dinheiro para que vereadores rejeitassem um processo de impeachment contra ele.
"Essa morte só mostra como os acusados estão preocupados com as possíveis testemunhas. A posição dos vereadores para não abrir uma CPI é insustentável e a polícia também deve acordar e proteger as testemunhas", disse Marta. "A Nicéa também deve se proteger mais."
Silva será enterrado hoje na sua cidade natal, Goianinha, no Rio Grande do Norte. O corpo foi velado ontem na Igreja de Santa Ifigênia, no centro. O caixão estava lacrado e coberto com uma bandeira do Brasil e com uma camiseta da associação dos camelôs.
Sem família na cidade, amigos e ambulantes precisaram arrecadar dinheiro para cobrir os gastos do velório de Silva e também o translado aéreo.
Cerca de 150 pessoas, entre ambulantes e representantes de movimentos populares, fizeram uma passeata até a Câmara Municipal por volta das 15h. Eles foram atrás do carro funerário que levava o corpo de Silva e ficaram parados durante cinco minutos na frente da Câmara. Depois de cantar o hino nacional, o corpo foi levado para o aeroporto de Cumbica.
Líderes de associações de camelôs prometeram fazer vigília na Câmara e protestos para pressionar os vereadores municipais a aprovar uma CPI para investigar as denúncias de corrupção.
(GONZALO NAVARRETE)



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