São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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URBANISMO

Secretarias deixarão a praça da Liberdade, na capital mineira, para dar lugar a cinemas, teatros e salas de espetáculos

Burocracia dá lugar a corredor cultural em BH

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A "moldura das secretarias compenetradas" do governo mineiro, como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade no poema "Jardim da Praça da Liberdade", em Belo Horizonte, terá um novo estilo e um novo sentido, mais cultural e menos sisudo -fruto do ambiente burocrático em torno da praça.
O governo de Minas, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, lançou ontem o projeto Circuito Cultural Praça da Liberdade, que visa transformar os prédios públicos do entorno da praça, que costuma ser palco de manifestações e de comemorações diversas, em um conjunto de centros de atividades culturais.
Até o final do ano que vem, prevêem os coordenadores do projeto, os prédios em estilo eclético (do final do século 19) que abrigam atualmente quatro secretarias serão transformados em cinemas, teatros, auditórios e salas para apresentação de orquestras, espaços para exposições e dança, bibliotecas, arquivos e museus.
É um projeto cultural arrojado, cuja viabilidade será possível porque empresas privadas e públicas bancarão os investimentos com a revitalização e a adaptação dos edifícios. Uma empresa de telefonia já banca os custos da restauração do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, o único prédio do conjunto arquitetônico da praça onde o poder político mineiro continuará representado.
O projeto foi lançado na alameda da praça, no centro de conjuntos de prédios tombados pelo patrimônio histórico estadual. Participaram empresários e artistas, que assistiram também ao momento político-partidário do ato.

Espaços de convivência
A transformação do prédio da Fazenda em um centro de música sinfônica e espaço cultural será bancado por uma mineradora. O prédio da Defesa Social será um Centro Cultural Banco do Brasil. Terão espaços de convivência traduzidos em bares, cafés, livrarias e restaurantes.
A Fundação Roberto Marinho transformará a Secretaria da Educação em um Centro de Referência do Professor. E a Secretaria de Obras terá, além do Centro de Mineralogia, Gemas e Jóias, onde já funciona um museu do gênero, centros de cinema, artes cênicas, música, oficina do livro, além de abrigar o Espaço Giramundo, o mais representativo grupo de teatro de bonecos do país.
Dessa transformação participarão também as universidades públicas com laboratórios de ciência interativos, que serão montados em outros prédios.
A secretária da Cultura de Minas, Eleonora Santa Rosa, disse que a mudança acontecerá independentemente da construção do centro administrativo que o Estado pretende montar -com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer- no bairro Carlos Prates, para abrigar toda a área administrativa do governo, o que abrirá espaço para que outros prédios da região da praça, no futuro, sejam também incluídos no circuito cultural. Mas isso vai demorar.


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