São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009 |
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GILBERTO DIMENSTEIN Pena alternativa
HAVIA CINCO PONTOS de droga na rua em que Alexandre De Maio morava na periferia de São Paulo, onde frequentemente ocorriam tiroteios. Numa das brigas entre quadrilhas, um bala perdida atingiu uma menina. A cena do sangue escorrendo pelo chão teve um impacto estético em Alexandre, que, até então, só fazia histórias em quadrinhos inspiradas nos super-heróis americanos. "Logo depois que o corpo foi retirado, me tranquei no carro para desenhar aquela história." Desenhava-se, naquele dia, um encontro que faria com que a mistura de periferia e arte moldasse a vida de Alexandre -os quadrinhos chamaram a atenção de Mano Brown, líder do Racionais MC's, que estimulou a sua publicação. Seus colegas gostavam daquelas histórias em quadrinhos, afinal eram retratados como super-heróis, com extraordinários poderes; as meninas ficavam deslumbrantes nas sensuais roupas do tipo Mulher Maravilha. Até que veio a imagem da menina morta com a bala perdida em sua rua. "Vi como era bobo eu ficar me inspirando com os super-heróis." Em meio a seus quadrinhos, Alexandre começou a fazer publicações para relatar o movimento cultural da periferia, quase nunca coberto pelos meios de comunicação. Foi um dos primeiros a falar da onda de saraus poéticos que surgiram num bar (Zé do Batidão) da zona sul. Seu projeto mais ambicioso é fazer uma revista periódica apenas com quadrinhos sobre a periferia -a primeira história já está pronta, feita em parceria com Ferréz. A rua de sua casa da adolescência já tinha ensinado a Alexandre que, na periferia, muitas vezes a realidade supera a ficção. PS - Coloquei em meu site (www.dimenstein.com.br) uma coleção dos desenhos do Alexandre -entende-se como ele conseguiu passar em matemática. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Outro lado: Prefeitura nega priorizar propaganda e diz que obras antienchentes são mais lentas Próximo Texto: A cidade é sua Índice |
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