São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Exército tenta evitar que quartéis virem alvo

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ação do Exército para recuperar os fuzis roubados é muito semelhante ao que a Força costuma fazer diariamente no Haiti: ajudar a polícia na apreensão de armas, na investigação de suspeitos, na checagem de veículos e, em último caso, no provimento de poder de fogo superior. E isso ajuda a explicar o motivo de serem empregados, na busca pelas armas, até veículos blindados como o Urutu.
O blindado de transporte de tropas foi criado justamente para servir de "táxi" ao combate, protegendo os soldados do disparo de fuzis. E tem uma clara função psicológica -de dissuasão. Um grupo de bandidos pensaria duas vezes antes de abrir fogo contra um veículo dotado de uma metralhadora.

Fuzil
Em um contexto urbano, um fuzil é uma arma perigosa, por isso não costuma fazer parte da dotação básica da polícia, mesmo da Polícia Militar. Um fuzil calibre 7,62 mm tem um alcance efetivo de cerca de 600 metros, mas seu projétil pode percorrer mais de 3 km ainda com capacidade de matar.
Se o atirador dispuser de munição perfurante, pode, com facilidade, penetrar a blindagem de automóveis e carros-fortes.
Mesmo um blindado militar -como o Urutu- poderia sofrer danos em sua lateral e em sua traseira, locais onde sua blindagem é mais fina. E o Urutu é um veículo antigo, projetado na década de 1970. Tanto que, no momento, o Exército está estudando sua substituição por um blindado sobre rodas mais moderno.
O FAL (Fuzil Automático Leve) é costumeiramente e erroneamente tratado como uma "arma pesada" pelos meios de comunicação, apesar de seu próprio nome indicar que se trata de uma arma portátil e individual. No entanto, para um exército, uma arma "pesada" significa algum apetrecho que demanda mais de um homem para o seu emprego.

Reação
A reação do Exército no caso dos fuzis roubados é uma maneira de se evitar que o caso se torne um precedente e que quartéis comecem a ser alvos de bandidos. E a irritação é ainda maior porque o quartel roubado é de uma unidade de elite.
O 6º Batalhão de Infantaria Leve (BIL), de Caçapava (SP), é a unidade que descende do 6º Regimento de Infantaria da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que lutou na Itália na Segunda Guerra Mundial.
O 4º Batalhão de Infantaria Leve, de Osasco (SP), o 5º Batalhão de Infantaria Leve, de Lorena (SP), e o 6º BIL constituem a força de infantaria de uma das mais importantes unidades de ação rápida do Exército, a 12ª Brigada de Infantaria Leve. Trata-se de uma unidade de pronto emprego, capaz de reagir rapidamente a uma crise graças aos helicópteros da Aviação do Exército baseados em Taubaté (SP).
Por isso, a localização dessas unidades é o Vale do Paraíba, na rota Rio-São Paulo, o centro industrial do país.


Texto Anterior: Memória: No Rio, armas "voltaram" após negociação
Próximo Texto: Polícia Civil mobiliza 150 homens após três assaltos no bairro de Santa Teresa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.