DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de anti-sépticos não-mercuriais são sugeridos hoje pelos médicos, tanto para uso doméstico como no emprego hospitalar. Entre eles estão compostos à base de iodo, várias soluções alcoólicas, o polvedine, a clorexidina e o hexaclorofeno. São encontrados nas farmácias com diversos nomes.
Na maioria dos casos onde as soluções de mercúrio eram usadas, como nos cortes e pequenos ferimentos, basta água e sabonete. A água oxigenada também ajuda na limpeza.
Se a ferida estiver infeccionada, os médicos recomendam que o local seja limpo com algum dos produtos já citados e recoberto por pomada antibiótica.
"Por muitas décadas, os produtos à base de mercúrio foram muito empregados", diz Hélio Vasconcellos Lopes, infectologista do Hospital Heliópolis e presidente do departamento de infectologia da Associação Paulista de Medicina. "Hoje já há uma série de novos produtos com maior eficácia e menor risco", afirma.
Para Antonio Carlos Zanini, médico do Hospital das Clínicas e um dos autores do "Guia de Medicamentos", o problema dos mercuriais está no fato de ele ser irritante e o mercurocromo não ter função anti-séptica.
A resolução da Anvisa retira do mercado um dos mais antigos e tradicionais anti-sépticos de uso domiciliar, o Merthiolate. Quase não há armário de banheiro que não contenha um vidro de Merthiolate. No ranking dos remédios mais vendidos, ele está entre os primeiros 300. Mais de 30 milhões de unidades já foram comercializadas nos últimos 50 anos.
Na lista dos medicamentos "banidos" estão pelo menos outros 15 produtos que utilizam algum composto que contenha mercúrio, como o tiomersal ou timerosal -dois nomes para um mesmo produto.
Os médicos lembram que o emprego dos anti-sépticos à base mercúrio já vinha sendo questionado há vários anos. Desde 1998, a recomendação dos médicos é que produtos contendo tiomersal e mercurocromo não sejam usados como anti-sépticos.O Merthiolate tem álcool, acetona e tiomersal -sal orgânico de mercúrio.
(AURELIANO BIANCARELLI)

Texto Anterior: Saúde: Governo proíbe a produção de Merthiolate
Próximo Texto: Urbanidade - Gilberto Dimenstein: Amores possíveis
Índice