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Encarceramento de jovens é alvo de críticas
DA REPORTAGEM LOCAL
Advogados e especialistas em
segurança pública criticaram a
atitude do governo do Estado de
submeter os infratores da Febem
de Franco da Rocha a regimes prisionais diferenciados, destinados
a presos de alta periculosidade.
Dizem que isso é ilegal, por ferir o
ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), e que não há embasamento jurídico para manter esses jovens nesses regimes.
"Não há aparato legal para
mantê-los em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Eles não
pertencem a facções criminosas,
por exemplo. O governo do Estado está entrando por um caminho
muito perigoso, o do arbítrio,
atuando totalmente fora do campo da legalidade. Aliás, essa tem
sido uma marca desse governo",
afirmou Wálter Maierovitch, ex-secretário nacional Antidrogas.
O artigo 185 do ECA diz que "a
internação, decretada ou mantida
pela autoridade judiciária, não
poderá ser cumprida em estabelecimento prisional". É com base
nesse item da legislação que o advogado e membro da Comissão
de Direitos Humanos da OAB-SP
(Ordem dos Advogados do Brasil), Ariel de Castro Alves, afirma
ser ilegal a ação do governo. Além
disso, diz ele, esses jovens ficarão
com adultos e não terão acesso a
nenhum tipo de atividade, seja ela
de lazer, profissionalizante ou
desportiva nos presídios.
A comissão já enviou uma carta
ao presidente da Febem, Paulo
Sérgio de Oliveira e Costa, pedindo explicações sobre as transferências. E deverá realizar na próxima quarta-feira um ato de repúdio ao governo do Estado.
"Se é que há alguma explicação
plausível para isso", diz Alves.
Entidades de direitos humanos,
de defesa da criança e do adolescente e ONGs, como Fundação
Abrinq, Unicef, Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos,
Instituto Sou da Paz, Justiça Global e outras, também se manifestaram contra o governo paulista.
Em manifesto, eles afirmam que
a transferência dos adolescentes
para unidades prisionais é "ilegal", que as propostas do governador Geraldo Alckmin (PSDB)
são "imediatistas e incompatíveis
com a gravidade dos problemas
da instituição [Febem"".
Eles também afirmam que a alteração do ECA -proposta pelo
secretário da Educação, Gabriel
Chalita- é um retrocesso. Ainda
na carta, as entidades pedem a extinção da Febem, "dada a falência
do atual modelo e que se crie um
novo órgão com estrutura de
atendimento e projeto socioeducativo compatível cm o ECA".
(PALOMA COTES)
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