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São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

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Companheiros de PT se tornaram adversários

DA REPORTAGEM LOCAL

Os responsáveis pelos resultados positivos e negativos em Diadema nestes 20 anos são três políticos que, no princípio, eram unidos, mas agora vivem trocando acusações: Gilson Menezes, José Augusto Ramos e José de Filippi Júnior. Dos três, somente Filippi, atual prefeito, continua no PT.
Menezes, o primeiro prefeito eleito pelo PT, deixou a legenda ainda em seu primeiro mandato.
Ramos terminou expulso, depois de perder a eleição para Menezes em 96, interrompendo três governos sucessivos do partido.
O número de filiados petistas na cidade caiu de 20 mil, em 95, para cerca de 5.000 atualmente, segundo cálculos de Filippi.
Metalúrgico e sindicalista como Luiz Inácio Lula da Silva, Menezes se estabeleceu em Diadema em 73, quando casou com Eliete, atual vereadora pelo PSB. Em 82, lançou sua candidatura contra Marion Magali de Oliveira (PTB).
Menezes venceu e diz sem modéstia que fez "uma administração revolucionária". Seu governo priorizou a urbanização de favelas, a saúde e a pavimentação -marcas que se repetiriam nas demais administrações.
Hoje ele não se queixa das pressões do partido. Mas, quando fala do PT, procura atingir o atual prefeito. "O PT até pressionava, mas não virei inimigo do partido. O que não gosto é de oportunistas." Na administração de Menezes, o secretário da Saúde era um médico que tinha vindo de São José do Egito (PE) para fazer residência em São Paulo e acabou envolvido em movimentos populares.
José Augusto Ramos diz que tinha duas prioridades na ocasião: organizar a saúde e estimular a participação da sociedade.
"Interviemos nas doenças e não nos doentes." O resultado catapultou Ramos a pleitear sua candidatura a prefeito. Começaram, então, as divisões.
Menezes não aceitava que seu secretário fosse candidato e quis lançar Cláudio Rosa, ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Com a recusa do partido, o primeiro prefeito do PT decidiu, então, sair da legenda.
Na Prefeitura de Diadema, José Augusto Ramos continuou a priorizar a saúde, redefiniu o sistema de transporte público, iluminou mais da metade da cidade e levou pavimentação a praticamente todo o município. "O meu governo foi o da grande transformação de Diadema."
O secretário de Obras de Ramos era um engenheiro que havia exercido por um ano e meio a mesma função na administração de Menezes: José de Filippi Júnior. Foi ele o escolhido pelo próprio Ramos para substituí-lo.
Em 92, quando Filippi disputou a prefeitura com Menezes, por pouco não perdeu a eleição. O fator fundamental para a vitória veio em forma de decisão da Justiça, que, a menos de uma semana da eleição, impugnou a candidatura de Menezes porque ele não aplicou 25% da receita na educação. A solução foi colocar Eliete, mulher de Menezes, para substituí-lo. Filippi acabou vencendo por pouco mais de 3.000 votos.
Filippi continuou priorizando as mesmas áreas e investiu também na educação, principalmente de jovens e de adultos com a criação do Mova (Movimento de Alfabetização de Adultos), em 1995.
A mulher de Ramos, a médica Maridite, hoje vereadora, também trabalhava na prefeitura. Novamente, mais discussões. Filippi acusa Ramos de querer substituir o PT. "Era deputado federal, presidente municipal do PT e queria mandar na administração."
Ramos venceu a convenção interna do partido e se tornou candidato à prefeitura em 1996. Sobraram acusações de filiações irregulares. Ramos passou a acusar José de Filippi Júnior de não cumprir o estatuto do partido e de não apoiá-lo na campanha.
O resultado foi que Menezes, no PSB, ganhou a eleição. Ramos foi expulso do PT. Só Filippi sobreviveu na legenda. Na eleição de 2000, os três adversários voltaram a se encontrar. Deu Filippi. No ano que vem, uma nova disputa envolvendo os três já está marcada. Hoje, Ramos está no PSDB.


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