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Companheiros de PT se tornaram adversários
DA REPORTAGEM LOCAL
Os responsáveis pelos resultados positivos e negativos em Diadema nestes 20 anos são três políticos que, no princípio, eram unidos, mas agora vivem trocando
acusações: Gilson Menezes, José
Augusto Ramos e José de Filippi
Júnior. Dos três, somente Filippi,
atual prefeito, continua no PT.
Menezes, o primeiro prefeito
eleito pelo PT, deixou a legenda
ainda em seu primeiro mandato.
Ramos terminou expulso, depois de perder a eleição para Menezes em 96, interrompendo três
governos sucessivos do partido.
O número de filiados petistas na
cidade caiu de 20 mil, em 95, para
cerca de 5.000 atualmente, segundo cálculos de Filippi.
Metalúrgico e sindicalista como
Luiz Inácio Lula da Silva, Menezes
se estabeleceu em Diadema em
73, quando casou com Eliete,
atual vereadora pelo PSB. Em 82,
lançou sua candidatura contra
Marion Magali de Oliveira (PTB).
Menezes venceu e diz sem modéstia que fez "uma administração revolucionária". Seu governo
priorizou a urbanização de favelas, a saúde e a pavimentação
-marcas que se repetiriam nas
demais administrações.
Hoje ele não se queixa das pressões do partido. Mas, quando fala
do PT, procura atingir o atual prefeito. "O PT até pressionava, mas
não virei inimigo do partido. O
que não gosto é de oportunistas."
Na administração de Menezes, o
secretário da Saúde era um médico que tinha vindo de São José do
Egito (PE) para fazer residência
em São Paulo e acabou envolvido
em movimentos populares.
José Augusto Ramos diz que tinha duas prioridades na ocasião:
organizar a saúde e estimular a
participação da sociedade.
"Interviemos nas doenças e não
nos doentes." O resultado catapultou Ramos a pleitear sua candidatura a prefeito. Começaram,
então, as divisões.
Menezes não aceitava que seu
secretário fosse candidato e quis
lançar Cláudio Rosa, ex-diretor
do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC. Com a recusa do partido, o
primeiro prefeito do PT decidiu,
então, sair da legenda.
Na Prefeitura de Diadema, José
Augusto Ramos continuou a
priorizar a saúde, redefiniu o sistema de transporte público, iluminou mais da metade da cidade
e levou pavimentação a praticamente todo o município. "O meu
governo foi o da grande transformação de Diadema."
O secretário de Obras de Ramos
era um engenheiro que havia
exercido por um ano e meio a
mesma função na administração
de Menezes: José de Filippi Júnior. Foi ele o escolhido pelo próprio Ramos para substituí-lo.
Em 92, quando Filippi disputou
a prefeitura com Menezes, por
pouco não perdeu a eleição. O fator fundamental para a vitória
veio em forma de decisão da Justiça, que, a menos de uma semana
da eleição, impugnou a candidatura de Menezes porque ele não
aplicou 25% da receita na educação. A solução foi colocar Eliete,
mulher de Menezes, para substituí-lo. Filippi acabou vencendo
por pouco mais de 3.000 votos.
Filippi continuou priorizando
as mesmas áreas e investiu também na educação, principalmente
de jovens e de adultos com a criação do Mova (Movimento de Alfabetização de Adultos), em 1995.
A mulher de Ramos, a médica
Maridite, hoje vereadora, também trabalhava na prefeitura. Novamente, mais discussões. Filippi
acusa Ramos de querer substituir
o PT. "Era deputado federal, presidente municipal do PT e queria
mandar na administração."
Ramos venceu a convenção interna do partido e se tornou candidato à prefeitura em 1996. Sobraram acusações de filiações irregulares. Ramos passou a acusar
José de Filippi Júnior de não cumprir o estatuto do partido e de não
apoiá-lo na campanha.
O resultado foi que Menezes, no
PSB, ganhou a eleição. Ramos foi
expulso do PT. Só Filippi sobreviveu na legenda. Na eleição de
2000, os três adversários voltaram
a se encontrar. Deu Filippi. No
ano que vem, uma nova disputa
envolvendo os três já está marcada. Hoje, Ramos está no PSDB.
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