São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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AMBIENTE

Matéria-prima vem da rede ou de poço comum

No país, água adicionada de sais é produzida em outros três locais

DA REPORTAGEM LOCAL

Além da fonte da Nestlé em São Lourenço (MG), existe produção de água purificada adicionada de sais em outros três lugares no país: Brasília, Recife (PE) e Ribeirão Preto (SP), segundo a Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais).
Em todos esses outros casos, a responsável pelas bebidas é a Coca-Cola, mas o processo de produção é diferente. Em vez de extrair água mineral do subsolo, a matéria-prima é retirada da rede de abastecimento público em Brasília e Recife e de um poço comum no interior paulista.
O presidente da Abinam, Carlos Alberto Lancia, diz que a entidade foi contra a resolução que aprovou o produto, mas por restrições econômicas, não ambientais.
"A retirada do ferro não causa, a priori, nenhum dano ao ambiente. Sobre as denúncias de superexploração, não é possível tirar nenhuma conclusão sem um estudo hidrogeológico detalhado."
Incomoda mais o que ele considera uma competição desleal com as multinacionais que dominam o mercado internacional de água engarrafada, com 16,5% (Nestlé) e 14,2% (Coca-Cola) dos negócios e um faturamento anual superior a US$ 4 bilhões cada uma -valor que é dez vezes os US$ 400 milhões que o setor de águas minerais movimenta por ano no Brasil.
A produção da água adicionada de sais custa até 30% menos que a de água mineral, diz Lancia, principalmente porque não há custos ambientais. Para extrair água mineral, é preciso preservar um raio em torno do poço a fim de garantir qualidade e pureza.
Além disso, afirma, desmineralizar água é um desperdício da vantagem competitiva do Brasil. Sexto produtor mundial de água engarrafada, o país deveria se beneficiar do diferencial que são as propriedades terapêuticas das águas minerais, e não aderir à água adicionada de sais, que pode ser fabricada em qualquer lugar.

Fiscalização
A concessão de lavras de exploração de água mineral, assim como a sua fiscalização, cabem ao DNPM, mas o próprio órgão admite falta de pessoal para controlar o setor. A expectativa é que uma contratação, até o início de 2005, reduza o déficit, cujo tamanho não foi especificado.
Enquanto isso, o número de pedidos de autorização para pesquisa de lavras não pára de crescer. Passou de 124 em 1990 para 1.114 em 2002. Até setembro de 2003, foram feitas 663 solicitações.
O Sudeste, especificamente São Paulo e Minas Gerais, concentra a produção, seguido pelo Nordeste. Em 2002 (dado mais recente), foram extraídos 4,7 bilhões de litros de água mineral no país. O consumo no ano foi de 27 litros per capita. (MARIANA VIVEIROS)


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