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AMBIENTE
Matéria-prima vem da rede ou de poço comum
No país, água adicionada de sais é produzida em outros três locais
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da fonte da Nestlé em São
Lourenço (MG), existe produção
de água purificada adicionada de
sais em outros três lugares no
país: Brasília, Recife (PE) e Ribeirão Preto (SP), segundo a Abinam
(Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais).
Em todos esses outros casos, a
responsável pelas bebidas é a Coca-Cola, mas o processo de produção é diferente. Em vez de extrair água mineral do subsolo, a
matéria-prima é retirada da rede
de abastecimento público em
Brasília e Recife e de um poço comum no interior paulista.
O presidente da Abinam, Carlos
Alberto Lancia, diz que a entidade
foi contra a resolução que aprovou o produto, mas por restrições
econômicas, não ambientais.
"A retirada do ferro não causa, a
priori, nenhum dano ao ambiente. Sobre as denúncias de superexploração, não é possível tirar nenhuma conclusão sem um estudo
hidrogeológico detalhado."
Incomoda mais o que ele considera uma competição desleal com
as multinacionais que dominam o
mercado internacional de água
engarrafada, com 16,5% (Nestlé) e
14,2% (Coca-Cola) dos negócios e
um faturamento anual superior a
US$ 4 bilhões cada uma -valor
que é dez vezes os US$ 400 milhões que o setor de águas minerais movimenta por ano no Brasil.
A produção da água adicionada
de sais custa até 30% menos que a
de água mineral, diz Lancia, principalmente porque não há custos
ambientais. Para extrair água mineral, é preciso preservar um raio
em torno do poço a fim de garantir qualidade e pureza.
Além disso, afirma, desmineralizar água é um desperdício da
vantagem competitiva do Brasil.
Sexto produtor mundial de água
engarrafada, o país deveria se beneficiar do diferencial que são as
propriedades terapêuticas das
águas minerais, e não aderir à
água adicionada de sais, que pode
ser fabricada em qualquer lugar.
Fiscalização
A concessão de lavras de exploração de água mineral, assim como a sua fiscalização, cabem ao
DNPM, mas o próprio órgão admite falta de pessoal para controlar o setor. A expectativa é que
uma contratação, até o início de
2005, reduza o déficit, cujo tamanho não foi especificado.
Enquanto isso, o número de pedidos de autorização para pesquisa de lavras não pára de crescer.
Passou de 124 em 1990 para 1.114
em 2002. Até setembro de 2003,
foram feitas 663 solicitações.
O Sudeste, especificamente São
Paulo e Minas Gerais, concentra a
produção, seguido pelo Nordeste.
Em 2002 (dado mais recente), foram extraídos 4,7 bilhões de litros
de água mineral no país. O consumo no ano foi de 27 litros per capita.
(MARIANA VIVEIROS)
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