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Kassab determina saída do MuBE de área pública
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM, ex-PFL) determinou
que o MuBE (Museu Brasileiro
de Esculturas) deixe a área pública que ocupa desde 1987 no
Jardim Europa, uma das regiões mais valorizadas de São
Paulo. O museu, um projeto do
arquiteto Paulo Mendes da Rocha, foi construído em terreno
de 7.000 m2 com verba da prefeitura e doações de empresas.
Ainda não há previsão para o
despejo ser realizado.
Kassab acatou parecer do
Departamento de Patrimônio
que apontou ""desvio de função" das instalações do museu.
No local, ocorrem eventos como lançamentos de produtos e
desfiles de moda.
Somados, prédio e terreno
custaram aos cofres públicos,
de acordo com a prefeitura,
cerca de R$ 35 milhões, em valores não-atualizados.
Com base no parecer, o prefeito rescindiu a concessão de
uso do imóvel pelo museu, um
acordo assinado em 1987 pelo
então prefeito Jânio Quadros,
que deu ao MuBE o direito de
ocupar a área, sem pagar nada,
durante 99 anos.
Na época, o local abrigaria
um centro de compras, mas a
idéia foi abandonada após
pressões contrárias que partiram de moradores dos Jardins.
Porém, para manter o direito
de continuar no local, o MuBE
teria de realizar atividades culturais e ficou, diz a prefeitura,
impedido de permitir o uso das
instalações por terceiros.
Não é o que se viu nos últimos anos, conforme consulta
realizada pela Folha na programação do museu, que está
repleta de lançamentos de produtos de luxo e até eventos de
moda, como o Moda no Museu,
ocorrido em janeiro.
Em setembro de 2006, fiscais da Secretaria das Subprefeituras interditaram um festival de música eletrônica que
ocorreria no museu, por falta
de documentação. O museu já
havia sido multado em julho
por manter peças de propaganda irregulares.
Desde 2006, assessores mais
próximos de Kassab vêm insistindo que o museu não cumpre
nenhum tipo de função social
que pudesse justificar o uso de
uma área pública.
Ontem, o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo,
voltou a criticar a direção do
MuBE. ""O local deixou de ser
um shopping de compras, mas
virou shopping de eventos."
O secretário municipal da
Cultura, Carlos Calil, que também pressionava pelo fim da
concessão, disse que, nos últimos anos, o museu perdeu a
função para a qual foi criado.
""Foi sendo usado para o lançamento de produtos comerciais, o que não é a finalidade de
um espaço público", diz.
Assim que for desocupado, o
MuBE será transferido pela Secretaria da Cultura. O projeto
mais consistente é o de levar
para lá o acervo da Pinacoteca
Municipal, hoje depositado no
Centro Cultural São Paulo.
Ontem, Kassab também decidiu retirar do Masp (Museu
de Arte de São Paulo) a concessão da Galeria Prestes Maia,
outro equipamento cultural do
município sem uso.
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