|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OAB de São Paulo decide aderir à prova nacional da Ordem
Alteração passa a valer para a próxima seleção de advogados, que será feita em 17 de maio por cerca de 30 mil candidatos
Entidade afirma que avaliação não ficará mais fácil e que fez a mudança por conhecer "qualidade" da instituição que faz o exame
ROGÉRIO PAGNAN
LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A seccional paulista da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) anunciou que deixará de
realizar seu próprio exame e vai
aderir à prova adotada pelas
seccionais de todo o país -exceto Minas Gerais.
A mudança já vale para a seleção marcada para 17 de maio,
quando devem participar cerca
de 30 mil candidatos. O exame
unificado vem sendo implantado desde 2007.
Os exames realizados pela
seccional paulista, que dão direito ao profissional poder
atuar como advogado, são considerados um dos mais rigorosos do país, com índice de aprovação de 32%. Em Sergipe, por
exemplo, a taxa de aprovação
no segundo exame realizado
em 2008 chegou a 43%.
O presidente da Comissão de
Estágio e Exame de Ordem da
OAB-SP, Braz Martins Neto,
disse que a mudança não deve
tornar mais fácil o acesso à carteira profissional. Para ele, São
Paulo adere agora porque conhece a empresa que realiza o
exame e sabe da qualidade do
trabalho.
O Cespe (Centro de Seleção e
Promoção de Eventos), instituição ligada à Universidade de
Brasília, também realiza o exame em São Paulo. A diferença é
que as questões aplicadas no
Estado são produzidas por uma
banca paulista. Agora, São Paulo terá dois assentos nas 14 cadeiras da banca.
Na avaliação de alguns advogados consultados pela Folha,
essa alteração pode diminuir,
sim, o rigor da seleção em São
Paulo que representa aproximadamente 40% de todos os
70 mil candidatos do país.
Mas, para Martins Neto, o alto índice de reprovação em São
Paulo está mais ligado à pouca
qualidade das instituições de
ensino do que propriamente ao
rigor da prova. "Muitas instituições de ensino visam somente ao lucro, de modo que
facilitam o acesso dos alunos e
não impõem avaliações minimamente rigorosas", disse. "No
Estado são 300 cursos. Em
[São José do] Rio Preto, por
exemplo, cidade com cerca de
500 mil habitantes, são cinco
cursos", complementou.
Mudanças
A estrutura da prova, segundo a OAB, é a mesma em todo o
país. Há duas fases: a primeira
com 100 questões de múltipla
escolha e, a segunda, com cinco
questões práticas e a redação
de uma peça jurídica. Para a segunda fase, marcada para o dia
28 de junho, passam os que
acertam ao menos 50 questões.
A diferença é que, até então,
na segunda fase o candidato optava por uma de quatro áreas
(penal, trabalhista, civil e tributário). Agora, serão sete opções:
as quatro anteriores, mais direito administrativo, constitucional e empresarial.
Também serão incluídas novas disciplinas na primeira fase, como direito internacional,
ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), direto do consumidor e direito ambiental.
Para Marcelo Cometti, coordenador do Complexo Jurídico
Damásio de Jesus (curso preparatório para o exame da
OAB), os candidatos de São
Paulo não devem se desesperar
para estudar as novas disciplinas da primeira fase, pois elas
devem representar apenas 10%
da prova. "A prova não vai ser
mais fácil nem mais difícil."
Na segunda fase, Cometti
aconselha os candidatos que já
fazem ou pretendem recorrer a
um curso de preparação que escolha as disciplinas mais tradicionais para fazer o exame (penal, trabalhista, civil e tributário). Isso porque os cursos preparatórios são mais fortes nessas disciplinas.
Para a presidente da Comissão Nacional do Exame de Ordem, Maria Avelina Hesketh, e
o coordenador nacional do
Exame de Ordem, Dilson de
Oliveira, a unificação da prova é
benéfica à própria sociedade
porque evita o ingresso de
maus profissionais na carreira.
Texto Anterior: Foco: Cheia encobre praia do Pará, eleita pela imprensa inglesa a mais bela do Brasil Próximo Texto: Bacharel só pode fazer prova onde concluiu curso Índice
|