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SAÚDE
ONG oferece acompanhamento
"Companhia" é saída para manicômios
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O menino de 14 anos, fechado
no seu sofrimento esquizofrênico,
recuperou as primeiras relações
com o mundo ao passar a frequentar uma escolinha de circo
nas proximidades do Hospital Pinel, na zona norte de São Paulo.
Outro paciente, adulto, conheceu a feira livre nas suas saídas,
passou a levar para o hospital as
laranjas que ganhava, até ser convidado por um feirante a ajudá-lo.
A "conexão" desses pacientes
com o mundo vem sendo intermediada por acompanhantes terapêuticos, psicólogos e estudantes de psicologia. A prática já é
adotada por instituições pioneiras, como A Casa, de São Paulo.
A novidade agora é o atendimento de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), muitos internados há anos e completamente cortados do mundo.
A iniciativa é da "Atua - Rede de
Acompanhamento Terapêutico",
uma ONG de São Paulo que promove hoje, na PUC-SP, o debate
"Clínica da Inclusão", sobre alternativas aos hospitais psiquiátricos, para lembrar os 25 anos da
luta antimanicomial no país.
Embora a "Atua" tenha sido
criada há cinco meses, seu grupo
de psicólogos voluntários já vem
oferecendo acompanhamento terapêutico há quase quatro anos.
Os 18 acompanhantes voluntários atendem cerca de 30 pacientes, pouco perto dos mais de 100
mil doentes que poderiam se beneficiar dessa prática.
Agora, a Atua busca parcerias
para pode pagar seus profissionais. "A idéia é que esse modelo
de ONG se espalhe pelo país", diz
o psicanalista Maurício Porto.
O país tem cerca de 60 mil leitos
psiquiátricos e pouco mais de 300
serviços ambulatoriais e alternativos, por onde circulam quase 400
mil pacientes. Estima-se que metade dos internados poderia ser
atendida nos serviços substitutivos. Mais de 3 milhões de pessoas
que necessitam de atendimento
psiquiátrico não são tratadas.
E-mail - atua@yahoogrupos.com.br
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