São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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INFÂNCIA

Laudo do IC aponta que fitas de vídeo são autênticas

Para a polícia, pediatra abusou sexualmente de seus pacientes

IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia encerrou oficialmente as investigações e concluiu que o médico Eugenio Chipkevitch sedou seus pacientes, todos menores de idade, e abusou sexualmente deles. O inquérito foi encaminhado ontem à Justiça.
Como provas, o documento anexa laudos do Instituto de Criminalística (IC) considerando 35 fitas de vídeo autênticas. Mesmo sem provas consistentes, a polícia indica "detalhes" de "três ou quatro" pessoas que podem vir a ser indiciadas por conivência. A Promotoria tem, agora, cinco dias para encaminhar denúncia.
O delegado Virgílio Guerreiro Neto, titular do 51º DP, no Butantã (zona oeste de São Paulo), enviou à Justiça o pedido de prisão preventiva do pediatra -que vale até o julgamento. O mandado de prisão temporária vence amanhã. Guerreiro Neto disse também que Chipkevitch pode ser indiciado por outros crimes, como corrupção de menores, mas isso será decidido pelo Ministério Público.
Ele foi preso no dia 21 de março, após exibição, no "Jornal Nacional", da Rede Globo, de trechos de fitas em que o médico apareceria abusando de pacientes. Em depoimento, ele disse que não havia cometido crime. Seu advogado, Otávio Augusto Rossi Vieira, afirmou que contestará as acusações.
Segundo os laudos do IC, a câmera de vídeo apreendida na casa de uma auxiliar do médico é 100% compatível com as fitas. A Folha apurou que o pediatra e seu consultório foram identificados.
Guerreiro Neto disse acreditar no envolvimento da secretária do pediatra, Regina Célia Brasil Correia. Segundo o advogado, os laudos atestam que não há, no consultório, ninguém mais além de Chipkevitch e o paciente. A secretária afirmou que não acredita que possa ser indiciada.
O conteúdo dos laudos e o número de representações de vítimas contra o pediatra não foram divulgados porque o caso está sob sigilo judicial. Segundo Guerreiro Neto, cerca de 200 famílias procuraram a polícia para tentar identificar menores nas filmagens. A Folha apurou que 20 crianças foram reconhecidas pelas imagens.
Vieira disse à Folha que pedirá habeas corpus. Chipkevitch está em uma cela especial para presos com nível superior no 13º DP. Para Vieira, ele possui todos os "requisitos legais" para responder ao processo em liberdade. "É réu primário, foi preso em casa sem reagir, tinha profissão e não há notícia de que tenha ameaçado testemunhas." Além disso, Chipkevitch, que nasceu na Ucrânia e é naturalizado brasileiro, não teria passaporte atualizado.
Guerreiro Neto disse que o título de "monstro" é aplicável ao pediatra. "É um título que cai muito bem." O advogado disse que Chipkevitch vai analisar se processa ou não o delegado.
Guerreiro Neto pediu à Justiça mais prazo para finalizar o segundo inquérito contra Chipkevitch, que foi indiciado por tráfico de drogas e falsidade ideológica, por ter comprado pré-anestésico com receitas adulteradas.



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