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INFÂNCIA
Laudo do IC aponta que fitas de vídeo são autênticas
Para a polícia, pediatra abusou sexualmente de seus pacientes
IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia encerrou oficialmente
as investigações e concluiu que o
médico Eugenio Chipkevitch sedou seus pacientes, todos menores de idade, e abusou sexualmente deles. O inquérito foi encaminhado ontem à Justiça.
Como provas, o documento
anexa laudos do Instituto de Criminalística (IC) considerando 35
fitas de vídeo autênticas. Mesmo
sem provas consistentes, a polícia
indica "detalhes" de "três ou quatro" pessoas que podem vir a ser
indiciadas por conivência. A Promotoria tem, agora, cinco dias para encaminhar denúncia.
O delegado Virgílio Guerreiro
Neto, titular do 51º DP, no Butantã (zona oeste de São Paulo), enviou à Justiça o pedido de prisão
preventiva do pediatra -que vale
até o julgamento. O mandado de
prisão temporária vence amanhã.
Guerreiro Neto disse também que
Chipkevitch pode ser indiciado
por outros crimes, como corrupção de menores, mas isso será decidido pelo Ministério Público.
Ele foi preso no dia 21 de março,
após exibição, no "Jornal Nacional", da Rede Globo, de trechos de
fitas em que o médico apareceria
abusando de pacientes. Em depoimento, ele disse que não havia
cometido crime. Seu advogado,
Otávio Augusto Rossi Vieira, afirmou que contestará as acusações.
Segundo os laudos do IC, a câmera de vídeo apreendida na casa
de uma auxiliar do médico é 100%
compatível com as fitas. A Folha
apurou que o pediatra e seu consultório foram identificados.
Guerreiro Neto disse acreditar
no envolvimento da secretária do
pediatra, Regina Célia Brasil Correia. Segundo o advogado, os laudos atestam que não há, no consultório, ninguém mais além de
Chipkevitch e o paciente. A secretária afirmou que não acredita
que possa ser indiciada.
O conteúdo dos laudos e o número de representações de vítimas contra o pediatra não foram
divulgados porque o caso está sob
sigilo judicial. Segundo Guerreiro
Neto, cerca de 200 famílias procuraram a polícia para tentar identificar menores nas filmagens. A
Folha apurou que 20 crianças foram reconhecidas pelas imagens.
Vieira disse à Folha que pedirá
habeas corpus. Chipkevitch está
em uma cela especial para presos
com nível superior no 13º DP. Para Vieira, ele possui todos os "requisitos legais" para responder ao
processo em liberdade. "É réu primário, foi preso em casa sem reagir, tinha profissão e não há notícia de que tenha ameaçado testemunhas." Além disso, Chipkevitch, que nasceu na Ucrânia e é
naturalizado brasileiro, não teria
passaporte atualizado.
Guerreiro Neto disse que o título de "monstro" é aplicável ao pediatra. "É um título que cai muito
bem." O advogado disse que
Chipkevitch vai analisar se processa ou não o delegado.
Guerreiro Neto pediu à Justiça
mais prazo para finalizar o segundo inquérito contra Chipkevitch,
que foi indiciado por tráfico de
drogas e falsidade ideológica, por
ter comprado pré-anestésico com
receitas adulteradas.
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