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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003

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Movimento defende "liberdade de expressão"

DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento da reforma psiquiátrica vê no caso do escritor Austregésilo Carrano uma espécie de "questão de honra".
"O paciente tem o direito de contar sua experiência da forma como a sentiu", diz Mirsa Dellosi, coordenadora de Saúde Mental de São Paulo. "É uma questão de liberdade de expressão."
Jonas Melman diz que sua associação, a Franco Basaglia, manifestou-se pelo direito de Carrano "defender suas idéias". "Ele é um protagonista da reforma e tem o direito de relatar sua história."
Ainda neste mês, Austregésilo Carrano deve ser homenageado num evento da Presidência da República ao lado de outros ativistas pela reforma psiquiátrica. "A homenagem do presidente Lula reafirma o engajamento do governo federal com a política de promoção dos direitos humanos do paciente mental e com a política da reforma psiquiátrica", diz Pedro Delgado, coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde.
"Ele é apenas a ponta do iceberg. O que aconteceu com ele, aconteceu igual para muita gente", diz Laís Bodanzky, que dirigiu "O Bicho de Sete Cabeças". "Por isso essa reação tão forte dos donos dos hospitais, para abafar ao máximo. Se ele ganha, dá deixa para que outros ganhem", opina.
"A proibição do livro deve ser questionada, até por ser inócua. Ele já teve mais de uma edição. E eles se referem a uma obra anterior à ação. Essa medida parece ofender a liberdade de expressão", afirmou o advogado Walter Ceneviva, colunista da Folha.
Por outro lado, ele entende que, em tese, os médicos e hospitais poderiam pedir que Carrano não possa mais usar o nome da instituição médica, porque a ação indenizatória que o escritor moveu foi considerada prescrita.
Os advogados do escritor irão recorrer a tribunais superiores.
Após uma semana de mesas-redondas, atos públicos e festas o movimento da luta antimanicomial realiza hoje às 17h um encontro musical no Centro Cultural São Paulo, na zona sul da capital paulista. Ontem, Carrano fez um "não-lançamento" de seu livro, em um protesto na praça Benedito Calixto (zona oeste).
(AB E FL)


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