São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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PATRIMÔNIO

É o segundo aluno de biblioteconomia em São Paulo investigado por sumiço de obras raras do Museu Nacional do Rio

Indiciado outro estudante por furto de livros

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

O estudante paulistano de biblioteconomia Reginaldo Oliveira da Silva, 34, foi indiciado ontem pelo furto de livros raros da biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Segundo a polícia, ele agia com dois amigos, um deles Laéssio Rodrigues de Oliveira, preso no fim de semana sob a mesma acusação. Em sua casa, os investigadores encontraram ontem novos livros (muitos danificados) com carimbos de identificação de bibliotecas brasileiras, incluindo um de caricaturas antigas.
Segundo o delegado Gilberto Peranovich, do setor de investigações gerais da 1ª Seccional Paulista, Silva foi visto nos corredores do Museu Nacional diversas vezes com Oliveira por funcionários da instituição. "Eles agiam como uma quadrilha, coordenados e em grupo", afirmou.
A Folha não conseguiu localizar o advogado dos acusados.
Outro estudante está sendo investigado pelo crime. A Polícia Federal vai solicitar a empresas telefônicas a relação de telefones de alguns envolvidos nos furtos.
O museu carioca divulgou ontem que mais três livros raros de seu acervo tiveram gravuras arrancadas. Com isso, o número de obras danificadas subiu para 14. Além delas, outras 13 foram furtadas. Pelas contas do delegado paulista, o grupo pode ter furtado mais de cem obras desde 2002.
O título de um dos in-fólios (livros grandes, de até 70 centímetros) não foi divulgado pelo museu. Os outros dois danificados são "Voyage Pitoresque au Brésil" (1835), de Johann Moritz Rugendas, e "Histoire Naturelle des Singes et des Makis" (1800), de Jean-Baptiste Audebert.
Também foi descoberto que outro livro do século 19, de Alexandre Rodrigues Ferreira, teve mais páginas arrancadas além das que já se sabia. O museu fez as novas descobertas após decidir retomar, mais minuciosamente, o inventário feito há duas semanas.
A chefe da biblioteca, Laura Maria Gayer Takchen, esteve em São Paulo na última sexta-feira e confirmou à polícia que o estudante de biblioteconomia Laéssio Rodrigues de Oliveira esteve quase diariamente no setor de obras raras entre dezembro de 2003 e janeiro deste ano.
"Achava impossível que os furtos pudessem ter acontecido à luz do dia. Mas agora não descarto mais essa hipótese. O museu estava tão vulnerável que eles podem ter conseguido", disse Takchen.


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