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Parentes de rapaz contestam PM
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Desaparecido desde a madrugada de segunda-feira, William Alves Martins, 21, foi encontrado na
terça-feira após uma ronda feita
pela família em delegacias. Estava
no Instituto Médico Legal. Seu
corpo tinha tiros na cabeça e no
peito, segundo parentes.
De acordo com a polícia, Martins e Everson de Almeida, 16,
roubaram um táxi na região do
terminal Santo Amaro, na zona
sul de São Paulo, e, abordados pelos policiais, revidaram.
O carro em que estavam os rapazes bateu na guia da calçada, informou a Secretaria da Segurança
Pública, e ambos saíram disparando contra os policiais, que se
defenderam atirando, diz o órgão.
Nenhum PM foi atingido. Almeida também morreu. Ambos teriam sido reconhecidos pelo dono
do táxi.
O carro tinha explosivos no porta-malas, informou ainda a polícia, mas, de acordo com a família,
o rapaz não teria envolvimento
com o caso. F., 28, tio de Martins,
reclamou que o táxi foi devolvido
ao dono sem passar por perícia, o
que a polícia nega. "Abriram fogo.
Eles foram vistos algemados e vivos entrando no carro da polícia",
diz F., que afirma ter recebido informações de pessoas que viram a
ação da PM.
Para F., se tivesse ocorrido tiroteio, como afirmaram os policiais,
haveria tiros em outras partes do
corpo do rapaz, e não só na cabeça e peito.
Segundo a família, o fato de
Martins ter passagem pela Febem
pode ter sido um dos motivos para a morte. "Ele desandou nas
drogas, mas agora era sossegado",
afirmou F.
Martins foi buscar a irmã na
creche, disse o tio. Mas, quando
chegou ao local, outra irmã já tinha levado a criança, afirmou.
Voltou para casa e saiu a pé. Encontrou então Almeida, o amigo.
O rapaz, de acordo com a família, chegou a ser levado a um
pronto-socorro do hospital Regional Sul, mas os parentes só
souberam disso depois, quando
acharam o corpo.
A Secretaria da Segurança informou ainda que Martins e Almeida
portavam armas com número de
registro raspado.
Família
"Ele queria ser o homem da casa. Era muito amoroso", afirmou
o tio. Martins fazia bicos como
ajudante de pedreiro e queria voltar a estudar, contou ainda F.
Martins tinha outros quatro irmãos. A mãe, viúva, vive da pensão do pai. O rapaz seria enterrado na tarde de ontem. A família
pretende levar o caso à Justiça.
Um inquérito policial militar investigará a ação dos PMs, conforme a secretaria. É obrigação em
ações com mortos.
Colaborou a Agência Folha
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