São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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Parentes de rapaz contestam PM

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Desaparecido desde a madrugada de segunda-feira, William Alves Martins, 21, foi encontrado na terça-feira após uma ronda feita pela família em delegacias. Estava no Instituto Médico Legal. Seu corpo tinha tiros na cabeça e no peito, segundo parentes.
De acordo com a polícia, Martins e Everson de Almeida, 16, roubaram um táxi na região do terminal Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, e, abordados pelos policiais, revidaram.
O carro em que estavam os rapazes bateu na guia da calçada, informou a Secretaria da Segurança Pública, e ambos saíram disparando contra os policiais, que se defenderam atirando, diz o órgão. Nenhum PM foi atingido. Almeida também morreu. Ambos teriam sido reconhecidos pelo dono do táxi.
O carro tinha explosivos no porta-malas, informou ainda a polícia, mas, de acordo com a família, o rapaz não teria envolvimento com o caso. F., 28, tio de Martins, reclamou que o táxi foi devolvido ao dono sem passar por perícia, o que a polícia nega. "Abriram fogo. Eles foram vistos algemados e vivos entrando no carro da polícia", diz F., que afirma ter recebido informações de pessoas que viram a ação da PM.
Para F., se tivesse ocorrido tiroteio, como afirmaram os policiais, haveria tiros em outras partes do corpo do rapaz, e não só na cabeça e peito.
Segundo a família, o fato de Martins ter passagem pela Febem pode ter sido um dos motivos para a morte. "Ele desandou nas drogas, mas agora era sossegado", afirmou F.
Martins foi buscar a irmã na creche, disse o tio. Mas, quando chegou ao local, outra irmã já tinha levado a criança, afirmou. Voltou para casa e saiu a pé. Encontrou então Almeida, o amigo.
O rapaz, de acordo com a família, chegou a ser levado a um pronto-socorro do hospital Regional Sul, mas os parentes só souberam disso depois, quando acharam o corpo.
A Secretaria da Segurança informou ainda que Martins e Almeida portavam armas com número de registro raspado.

Família
"Ele queria ser o homem da casa. Era muito amoroso", afirmou o tio. Martins fazia bicos como ajudante de pedreiro e queria voltar a estudar, contou ainda F.
Martins tinha outros quatro irmãos. A mãe, viúva, vive da pensão do pai. O rapaz seria enterrado na tarde de ontem. A família pretende levar o caso à Justiça.
Um inquérito policial militar investigará a ação dos PMs, conforme a secretaria. É obrigação em ações com mortos.


Colaborou a Agência Folha


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