|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA /CONGRESSO
Se não houver recursos, projeto seguirá para a Câmara; proposta prevê regime mais rígido para presos ligado ao crime organizado
Senado aprova pacote para segurança
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou ontem um
pacote de projetos que visa endurecer a legislação do sistema penal
em resposta à onda de ataques
promovida pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando
da Capital) em São Paulo. Em 40
minutos, os senadores votaram 11
projetos -a maioria de autoria
da oposição- que tratam de segurança pública (veja a relação no
quadro nesta página).
O pacote foi aprovado pela CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) do Senado em caráter terminativo, ou seja, sem necessidade
de votação em plenário. Se os senadores não apresentarem recursos -o que forçaria a votação em
plenário- no prazo de cinco sessões, ele irá direto para a Câmara.
O único dos projetos que deverá
enfrentar resistência ainda no Senado é o que impõe mais rigidez
ao chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), criando o
Regime de Segurança Máxima,
apelidado de RDMax, para presos
ligados ao crime organizado.
O principal ponto da proposta
do RDMax trata do tempo de isolamento (solitária), que passaria
inicialmente para 720 dias, com
possibilidade de repetição ou ampliação a critério do juiz. Nesse
período, o preso não poderia usar
telefone, ouvir rádio ou ver TV e
teria direito a duas horas diárias
de banho de sol. Também poderá
ser mantido longe do Estado onde
tinha influência.
O regime também limita as visitas a "dois familiares" por mês,
por meio de um vidro e interfone.
As conversas seriam filmadas e
encaminhadas ao Ministério Público. O projeto prevê ainda a
criação da inteligência penitenciária, que elaboraria informes
para o Ministério Público.
Apesar de aprovar a matéria na
comissão, a líder do PT na Casa,
Ideli Salvatti (SC), admitiu que o
partido poderá barrar o regime de
segurança máxima. "Não temos
definição legal no país do que é
organização criminosa. Podemos
ter questionamentos de constitucionalidade", disse.
Relator do pacote de medidas,
Demóstenes Torres (PFL-GO),
rebateu: "Vamos fraturar o relacionamento entre presos e criminosos soltos, porque muitos líderes dessas facções estão presos".
Ele disse crer que o governo resistirá às novas regras na Câmara.
O coordenador político do governo, ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), também sinalizou que haverá resistência. "O
governo e sua bancada vão colaborar no que for útil, mas as soluções estruturais são de médio e
longo curso."
Devido à pressão de governadores, foram adiadas as votações de
duas PECs (proposta de emenda
constitucional) e um projeto de lei
sobre a vinculação de recursos do
Orçamento da União, dos Estados
e municípios para segurança.
Texto Anterior: Guerra urbana/Vítimas: Testemunhas de chacina acusam policiais Próximo Texto: Guerra urbana/Negociação: Governo recebeu TVs do PCC sem nota Índice
|