São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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Justiça autoriza o isolamento de Marcola

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, ficará isolado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) pelo menos nos próximos 90 dias.
A Justiça negava a internação de Marcola no sistema mais rígido desde janeiro deste ano. Só ontem, no sexto dia da onda de violência em São Paulo, a Vara das Execuções Criminais determinou o isolamento de Marcola em caráter cautelar (provisório).
A decisão foi do juiz José Ernesto de Souza Bittencourt Rodrigues, no começo da noite de ontem, a pedido dos promotores que atuam na Vara das Execuções Criminais de São Paulo.
Marcola e outros sete líderes do PCC foram encaminhados para o RDD em Presidente Bernardes (589 km de SP) no último sábado, um dia depois do começo dos atentados. A permanência dele no sistema -que prevê celas individuais, só duas horas de banho de sol e veta acesso a jornais, rádio e TV- era provisória, por dez dias.
Na última segunda-feira, quando ônibus eram incendiados e agências bancárias atacadas, o mesmo juiz Bittencourt decidiu que não poderia analisar o pedido anterior de internação de Marcola porque não havia documentos novos no processo.
A Promotoria tenta o isolamento de Marcola desde janeiro. Naquele mês, segundo os promotores e a polícia, houve uma tentativa de resgate de líderes do PCC. Celas onde estavam Marcola e outros membros da cúpula da facção tiveram as grades serradas.
Na época, o juiz Carlos Fonseca Monnerat, corregedor dos presídios, negou o pedido de internação no RDD afirmando que as provas apresentadas pela polícia eram frágeis. Segundo ele, as escutas telefônicas apresentadas pela polícia não mostravam se realmente Marcola e outros líderes eram alvo da tentativa de resgate.
A Promotoria pediu a reconsideração da decisão. Um relatório da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) foi encaminhado à Justiça dias depois da negativa da internação de Marcola. Nele foram anexadas fotos em que Marcola aparece com um celular na mão. As imagens foram feitas dentro da cadeia, de outro celular com câmera digital.
Na última segunda-feira o juiz Bittencourt, mesmo com o relatório da SAP, disse que não havia novos documentos e decidiu que não poderia analisar o pedido.
Ontem, no entanto, ele determinou a inclusão de Marcola no RDD depois do pedido da Promotoria, que anexou apenas recortes de jornais sobre a atual onda de violência no Estado.
Os promotores criticam a Justiça pela demora na análise do pedido de isolamento e também o secretário Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária). Segundo o promotor Marcos Barreto, a paz vivida nos presídios era mantida por regalias e privilégios concedidos a líderes do PCC.
Para o promotor Barreto, o secretário adotou posição submissa em relação à facção criminosa, fortalecendo o PCC. "A Secretaria da Administração Penitenciária acabou sucumbindo. Percebeu que não teria condições de afrontar a facção", disse.
A assessoria da SAP afirmou que a pasta não adota posição submissa em relação aos líderes do PCC e disse que manteve a paz nas penitenciárias cumprindo a Lei de Execuções Penais.


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