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Justiça autoriza o isolamento de Marcola
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital),
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, ficará isolado no
RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) pelo menos nos próximos 90 dias.
A Justiça negava a internação de
Marcola no sistema mais rígido
desde janeiro deste ano. Só ontem, no sexto dia da onda de violência em São Paulo, a Vara das
Execuções Criminais determinou
o isolamento de Marcola em caráter cautelar (provisório).
A decisão foi do juiz José Ernesto de Souza Bittencourt Rodrigues, no começo da noite de ontem, a pedido dos promotores
que atuam na Vara das Execuções
Criminais de São Paulo.
Marcola e outros sete líderes do
PCC foram encaminhados para o
RDD em Presidente Bernardes
(589 km de SP) no último sábado,
um dia depois do começo dos
atentados. A permanência dele no
sistema -que prevê celas individuais, só duas horas de banho de
sol e veta acesso a jornais, rádio e
TV- era provisória, por dez dias.
Na última segunda-feira, quando ônibus eram incendiados e
agências bancárias atacadas, o
mesmo juiz Bittencourt decidiu
que não poderia analisar o pedido
anterior de internação de Marcola
porque não havia documentos
novos no processo.
A Promotoria tenta o isolamento de Marcola desde janeiro. Naquele mês, segundo os promotores e a polícia, houve uma tentativa de resgate de líderes do PCC.
Celas onde estavam Marcola e outros membros da cúpula da facção tiveram as grades serradas.
Na época, o juiz Carlos Fonseca
Monnerat, corregedor dos presídios, negou o pedido de internação no RDD afirmando que as
provas apresentadas pela polícia
eram frágeis. Segundo ele, as escutas telefônicas apresentadas pela polícia não mostravam se realmente Marcola e outros líderes
eram alvo da tentativa de resgate.
A Promotoria pediu a reconsideração da decisão. Um relatório
da Secretaria da Administração
Penitenciária (SAP) foi encaminhado à Justiça dias depois da negativa da internação de Marcola.
Nele foram anexadas fotos em
que Marcola aparece com um celular na mão. As imagens foram
feitas dentro da cadeia, de outro
celular com câmera digital.
Na última segunda-feira o juiz
Bittencourt, mesmo com o relatório da SAP, disse que não havia
novos documentos e decidiu que
não poderia analisar o pedido.
Ontem, no entanto, ele determinou a inclusão de Marcola no
RDD depois do pedido da Promotoria, que anexou apenas recortes de jornais sobre a atual onda de violência no Estado.
Os promotores criticam a Justiça pela demora na análise do pedido de isolamento e também o
secretário Nagashi Furukawa
(Administração Penitenciária).
Segundo o promotor Marcos Barreto, a paz vivida nos presídios era
mantida por regalias e privilégios
concedidos a líderes do PCC.
Para o promotor Barreto, o secretário adotou posição submissa
em relação à facção criminosa,
fortalecendo o PCC. "A Secretaria
da Administração Penitenciária
acabou sucumbindo. Percebeu
que não teria condições de afrontar a facção", disse.
A assessoria da SAP afirmou
que a pasta não adota posição
submissa em relação aos líderes
do PCC e disse que manteve a paz
nas penitenciárias cumprindo a
Lei de Execuções Penais.
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