São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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ANTÔNIO HUMBERTO ALONSO (1919-2008)

Os balões, cavalos e camisas da Mooca

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Lá ia ele, todo dia, à padaria da rua Ana Neri, com seu Santana 96 arranhado, comprar o pão italiano para dar aos amigos, às vezes com as camisas do Juventus. Era Antônio Alonso, 88, anos vividos na Mooca -bairro de São Paulo onde teve três filhos e seis netos, que ainda moram a 500 metros da casa de "seu Alonso da Mooca".
O pai, um jóquei uruguaio, veio para a Mooca por causa do hipódromo, onde casou com a filha do zelador. Lá, o filho nasceu e cresceu, soltando balões de gás na noite de São João. Os mesmos que coloriram o céu da Mooca na Copa de 1982, que o Brasil perdeu. Ficaram guardados até que alguém confessasse a admiração e os levasse, remendados, de presente.
Perdeu o pai aos 12. Desde então, aventurou-se na vida. O avô não quis um neto jóquei, mas padre. Ele foi pego no trem fugindo do seminário. Serviu no Exército em 1939, eclosão da guerra. Só escapou da guerra por ser "arrimo de família". Até que foi para a seguradora de Nelson Líbero, virou depois representante comercial e aceitou o convite para dirigir o Hospital Pedro 2º.
Assim foi sua rotina. Pela manhã, ia ao hospital; à tarde, negociava cobertores. E à noite, honrava a inscrição de sócio número 189 nos jogos do Juventus. Mas 2008 foi um golpe duplo. Viu o Corinthians cair para a 2ª divisão do Brasileiro e o Juventus para a 2ª do Paulista. Morreu domingo, de infarto. Às 22h falara com o filho; que, meia hora depois, achou-o "sentado e falecido" em frente à TV.

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