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Centro de atendimento diário é base da reforma psiquiátrica
DA AGÊNCIA FOLHA
O mascote: "urso bipolar". A
missão: "uma loucura mais sã".
Isso está na faixa carregada por
um integrante do "bando quixotesco da armada Brancaleone". Esses são símbolos da luta
antimanicomial ilustrados no
jornal "Tarja Preta", produzido
por usuários do Caps (centro de
atenção psicossocial) Itapeva,
no centro de São Paulo.
A publicação, vendida a R$ 2,
é uma das produções do primeiro Caps do Brasil, fundado
em 1987 e que hoje atende a 416
pessoas. A venda dos exemplares é revertida para pacientes
da oficina de terapia poética,
responsável pelo jornal.
Os Caps são um dos pilares
da reforma psiquiátrica defendida pelo movimento de luta
antimanicomial. Prestam atendimento clínico em regime diário, o que evita internações em
hospitais psiquiátricos.
Há outras oficinas no Caps
Itapeva, como a de costura e
uma de informática, de nome
bem-humorado: "Capslock".
O centro funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. Recebe, em média, 90 pessoas por
dia. A maioria chega sozinha, de
ônibus. Entre os usuários há
egressos de hospitais psiquiátricos, pessoas indicadas por
médicos e outras que procuram
a instituição por conta própria.
Um dos critérios para admissão é morar perto do centro
-os Caps buscam integração
com a comunidade onde o paciente vive. Todo o atendimento é gratuito.
Os usuários vivem em pensões, imóveis alugados pagos
com auxílio governamental, albergues ou casas de parentes. A
freqüência ao centro é variável
-depende do tratamento e do
interesse do usuário. Muitos
estiveram dezenas de vezes em
hospitais psiquiátricos.
A reportagem acompanhou
uma sessão terapêutica com
seis usuários, coordenada por
um psiquiatra e uma assistente
social. Nos encontros, relatam
o que sentem e o que fazem.
"Tudo que é falado aqui morre
aqui", avisa um integrante.
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