São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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Centro de atendimento diário é base da reforma psiquiátrica

DA AGÊNCIA FOLHA

O mascote: "urso bipolar". A missão: "uma loucura mais sã". Isso está na faixa carregada por um integrante do "bando quixotesco da armada Brancaleone". Esses são símbolos da luta antimanicomial ilustrados no jornal "Tarja Preta", produzido por usuários do Caps (centro de atenção psicossocial) Itapeva, no centro de São Paulo.
A publicação, vendida a R$ 2, é uma das produções do primeiro Caps do Brasil, fundado em 1987 e que hoje atende a 416 pessoas. A venda dos exemplares é revertida para pacientes da oficina de terapia poética, responsável pelo jornal.
Os Caps são um dos pilares da reforma psiquiátrica defendida pelo movimento de luta antimanicomial. Prestam atendimento clínico em regime diário, o que evita internações em hospitais psiquiátricos.
Há outras oficinas no Caps Itapeva, como a de costura e uma de informática, de nome bem-humorado: "Capslock".
O centro funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. Recebe, em média, 90 pessoas por dia. A maioria chega sozinha, de ônibus. Entre os usuários há egressos de hospitais psiquiátricos, pessoas indicadas por médicos e outras que procuram a instituição por conta própria.
Um dos critérios para admissão é morar perto do centro -os Caps buscam integração com a comunidade onde o paciente vive. Todo o atendimento é gratuito.
Os usuários vivem em pensões, imóveis alugados pagos com auxílio governamental, albergues ou casas de parentes. A freqüência ao centro é variável -depende do tratamento e do interesse do usuário. Muitos estiveram dezenas de vezes em hospitais psiquiátricos.
A reportagem acompanhou uma sessão terapêutica com seis usuários, coordenada por um psiquiatra e uma assistente social. Nos encontros, relatam o que sentem e o que fazem. "Tudo que é falado aqui morre aqui", avisa um integrante.


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