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FÁBIO LEOPOLDINO MAIA (1963-2009)
Músicas, desenhos e textos de um artista autodidata
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Fábio Leopoldino ganhou
uma guitarra aos 13. Foi a primeira e única. "Tinha as cordas altas, só ele conseguia tocar nela. E ele tinha um jeito
muito próprio de fazer isso",
conta o amigo de longa data
Wagner Alves, fotógrafo.
Autodidata, aprendeu tudo
sozinho, afirma a irmã Rita.
Pintava, desenhava, escrevia
peças. Calculava até a numerologia para os amigos.
Diz a irmã que uma companhia teatral de Valença, cidade onde morava, no Rio de Janeiro, está ensaiando um de
seus trabalhos. Recentemente, Fábio dava aulas de desenho e música numa ONG.
"Ele fez uma tela a lápis,
com a imagem da Madre Teresa de Calcutá, que foi considerada uma obra de arte." A
família quer reaver o quadro,
hoje exposto em Niterói (RJ).
No período em que viveu
em Niterói, montou bandas.
A primeira, como lembra
Wagner, chamava-se Eterno
Grito. Outra teve papel importante no desenvolvimento
do cenário alternativo do Rio
no anos 90: a Second Come.
Tocou ainda nos grupos
Stellar e Polystyrene, entre
outros. A maioria das composições eram em inglês. Rita
lembra que o irmão, formado
em comunicação, chegou a fazer trabalhos de tradução.
"Ele estava bem, saía sempre para fazer caminhadas
com a minha mãe", diz a irmã.
Na segunda-feira passada,
sentiu-se mal, após voltar de
uma ida ao banco, e a mãe foi
lhe preparar um chá.
Em determinado momento, pediu para que ela ficasse
perto dele. Fábio sofreu um
infarto e morreu, aos 46 anos.
Não deixa filhos. "Antes de
morrer, ele pediu para que a
mãe acreditasse em vida após
a morte", conta o amigo.
Como era espírita, não haverá missa de sétimo dia.
obituario@grupofolha.com.br
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