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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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TRANSPORTE

Presidente do sindicato defendeu fim da paralisação, que afetou 2,5 milhões e parou a cidade, mas categoria rejeitou proposta

Metroviários radicalizam e mantêm greve

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Em dia de paralisação no metrô, usuários aguardam ônibus na região sul da cidade de São Paulo


ALENCAR IZIDORO
SIMONE IWASSO

DA REPORTAGEM LOCAL

Os metroviários de São Paulo vão manter hoje a greve da categoria, que deixou 2,5 milhões de passageiros sem transporte ontem e foi responsável pela segunda maior marca de congestionamento deste ano, pela manhã, nas ruas da capital paulista.
A decisão dos trabalhadores de entrar no segundo dia de paralisação, na véspera de um feriado prolongado, foi tomada em assembléia, à noite, após tentativas fracassadas de acordo no TRT (Tribunal Regional de Trabalho).
Eles se reunirão hoje de manhã novamente com a diretoria do Metrô, em Brasília, no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Às 15h, haverá uma nova assembléia na sede do sindicato para decidir se a greve continuará.
O rodízio de veículos foi novamente suspenso, assim como as exigências da zona azul.
A posição de prosseguir com a paralisação foi tomada após um racha na direção do sindicato. O presidente do sindicato, Flávio Godoi, e um diretor de base da categoria, Wagner Fajardo, que também é presidente da Federação Nacional dos Metroviários, comprometeram-se no TRT, à tarde, a defender o fim da greve na assembléia. A intenção era esperar os resultados da reunião de hoje no TST.
Mas a promessa teve de ser quebrada. O restante da diretoria, composta de 42 integrantes, decidiu não cumpri-la. "Fomos esmagados. Ficamos sozinhos", disse Fajardo, que vê tendência de radicalização dos trabalhadores.
A última greve da categoria, que também entrou no segundo dia, foi realizada em 2001. Segundo Fajardo, estiveram ontem à noite de 1.500 a 2.000 trabalhadores na sede do sindicato -que representa 8.000 metroviários.
A reivindicação deles é que a diretoria do Metrô cumpra a decisão do TRT, tomada no final do mês passado, que determinou um reajuste salarial de 18,13%. A empresa alega que ele significaria um acréscimo de R$ 98 milhões nas despesas anuais e que não há verba para bancá-lo. Ela ofereceu 8% de aumento e 8% de abono. A posição da empresa foi defendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que considerou a paralisação "descabida".
O vice-presidente judicial do TRT, João Carlos de Araújo, fez ontem três novas propostas alternativas. O Metrô prometeu estudá-las, mas não quis aceitá-las imediatamente porque aguarda para hoje a possibilidade de haver um efeito suspensivo no TST da decisão do TRT que decidiu pela elevação salarial de 18,13%.
O juiz Araújo avalia que, ao não conceder esse reajuste nos salários da semana passada, houve descumprimento da decisão judicial pela direção do Metrô -que, diz ele, ficará sujeita à multa diária de 5% sobre os salários.
O TRT irá julgar a greve na próxima segunda. O Ministério Público do Trabalho já opinou pela abusividade dela -já que não foi cumprida uma liminar do TRT que determinava a manutenção de 100% do sistema nos picos e de 80% no restante do dia. A multa diária estipulada em razão do descumprimento é de R$ 200 mil.


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