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TRANSPORTE
Presidente do sindicato defendeu fim da paralisação, que afetou 2,5 milhões e parou a cidade, mas categoria rejeitou proposta
Metroviários radicalizam e mantêm greve
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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Em dia de paralisação no metrô, usuários aguardam ônibus na região sul da cidade de São Paulo |
ALENCAR IZIDORO
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os metroviários de São Paulo
vão manter hoje a greve da categoria, que deixou 2,5 milhões de
passageiros sem transporte ontem e foi responsável pela segunda maior marca de congestionamento deste ano, pela manhã, nas
ruas da capital paulista.
A decisão dos trabalhadores de
entrar no segundo dia de paralisação, na véspera de um feriado
prolongado, foi tomada em assembléia, à noite, após tentativas
fracassadas de acordo no TRT
(Tribunal Regional de Trabalho).
Eles se reunirão hoje de manhã
novamente com a diretoria do
Metrô, em Brasília, no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Às
15h, haverá uma nova assembléia
na sede do sindicato para decidir
se a greve continuará.
O rodízio de veículos foi novamente suspenso, assim como as
exigências da zona azul.
A posição de prosseguir com a
paralisação foi tomada após um
racha na direção do sindicato. O
presidente do sindicato, Flávio
Godoi, e um diretor de base da categoria, Wagner Fajardo, que
também é presidente da Federação Nacional dos Metroviários,
comprometeram-se no TRT, à
tarde, a defender o fim da greve na
assembléia. A intenção era esperar os resultados da reunião de
hoje no TST.
Mas a promessa teve de ser quebrada. O restante da diretoria,
composta de 42 integrantes, decidiu não cumpri-la. "Fomos esmagados. Ficamos sozinhos", disse
Fajardo, que vê tendência de radicalização dos trabalhadores.
A última greve da categoria, que
também entrou no segundo dia,
foi realizada em 2001. Segundo
Fajardo, estiveram ontem à noite
de 1.500 a 2.000 trabalhadores na
sede do sindicato -que representa 8.000 metroviários.
A reivindicação deles é que a diretoria do Metrô cumpra a decisão do TRT, tomada no final do
mês passado, que determinou um
reajuste salarial de 18,13%. A empresa alega que ele significaria um
acréscimo de R$ 98 milhões nas
despesas anuais e que não há verba para bancá-lo. Ela ofereceu 8%
de aumento e 8% de abono. A posição da empresa foi defendida
pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que considerou a
paralisação "descabida".
O vice-presidente judicial do
TRT, João Carlos de Araújo, fez
ontem três novas propostas alternativas. O Metrô prometeu estudá-las, mas não quis aceitá-las
imediatamente porque aguarda
para hoje a possibilidade de haver
um efeito suspensivo no TST da
decisão do TRT que decidiu pela
elevação salarial de 18,13%.
O juiz Araújo avalia que, ao não
conceder esse reajuste nos salários da semana passada, houve
descumprimento da decisão judicial pela direção do Metrô -que,
diz ele, ficará sujeita à multa diária
de 5% sobre os salários.
O TRT irá julgar a greve na próxima segunda. O Ministério Público do Trabalho já opinou pela
abusividade dela -já que não foi
cumprida uma liminar do TRT
que determinava a manutenção
de 100% do sistema nos picos e de
80% no restante do dia. A multa
diária estipulada em razão do descumprimento é de R$ 200 mil.
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