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EDUCAÇÃO
Representantes de 12 escolas da zona sul de São Paulo foram até a prefeitura reclamar de déficit na rede municipal
Grupo protesta contra falta de professores
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Rafael, 12, cursa a 6ª série na escola municipal Aírton Arantes, no
Campo Limpo -zona sul. Desde
o início do ano, não teve nenhuma aula de português na escola.
Não que seja apaixonado pelo tema -prefere matemática. "Mas
eu sei que tem que ter aula. Eu
quero escrever direito", afirma.
Ontem, Rafael era um dos manifestantes que, diante da sede da
Prefeitura de São Paulo, reclamavam da falta de professores na rede municipal. De acordo com dados da Secretaria da Educação, o
sistema possui 41 mil professores.
O déficit é de 814 profissionais.
Cerca de cem representantes de
12 escolas -todas da zona sul-
chegaram à prefeitura por volta
das 14h. A maioria porém não pôde entrar, pois os portões foram
fechados.
Eles aguardaram do lado de fora, a tarde toda, que uma comissão de representantes da escola
discutisse com membros da Secretaria Municipal da Educação
uma forma de resolver o problema, já que foi realizado um concurso, mas a prefeitura não conseguiu preencher vagas nas regiões
mais periféricas da cidade.
"É um desrespeito fecharem os
portões. Eu não vim fazer baderna, vim pedir educação", disse a
dona-de-casa Maria Lucinda Henriques. Aos 61 anos, ela cursa a 8ª
série na Escola Municipal Mauro
Faccio Gonçalves Zacaria. Na sua
turma, faltam professores de geografia, inglês, informática e artes.
Ela decidiu encarar o analfabetismo há quatro anos. "Meu bairro é perigoso. Eu vou para a escola
morrendo de medo, à noite, para
chegar lá e ver que não tem aula?"
Reivindicações
Uma das principais reivindicações era que a prefeitura permitisse a contratação temporária de
professores não-concursados que
morem perto das escolas.
Porém, segundo Sandra Greco,
chefe de gabinete interina da Secretaria Municipal da Educação, a
lei não permite que a prefeitura
contrate professores enquanto
houver concursados aguardando
vagas. Atualmente, há 3.600 professores nessa situação.
Segundo Greco, 16 mil professores foram contratados de julho de
2002 até agora. Para estimular a
ida desses profissionais para a periferia, a prefeitura oferece um
adicional, que varia de 30% a 50%
do salário-base (R$ 907).
A chefe de gabinete reconheceu
que esse processo é demorado.
"A impressão que eu tenho é
que a gente chegou de mãos vazias e saiu de mãos abanando.
Mas, se no segundo semestre isso
não melhorar, voltaremos", afirmou a dona-de-casa Raimunda
Meireles, que organizou o ato.
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