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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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EDUCAÇÃO

Representantes de 12 escolas da zona sul de São Paulo foram até a prefeitura reclamar de déficit na rede municipal

Grupo protesta contra falta de professores

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Rafael, 12, cursa a 6ª série na escola municipal Aírton Arantes, no Campo Limpo -zona sul. Desde o início do ano, não teve nenhuma aula de português na escola. Não que seja apaixonado pelo tema -prefere matemática. "Mas eu sei que tem que ter aula. Eu quero escrever direito", afirma.
Ontem, Rafael era um dos manifestantes que, diante da sede da Prefeitura de São Paulo, reclamavam da falta de professores na rede municipal. De acordo com dados da Secretaria da Educação, o sistema possui 41 mil professores. O déficit é de 814 profissionais.
Cerca de cem representantes de 12 escolas -todas da zona sul- chegaram à prefeitura por volta das 14h. A maioria porém não pôde entrar, pois os portões foram fechados.
Eles aguardaram do lado de fora, a tarde toda, que uma comissão de representantes da escola discutisse com membros da Secretaria Municipal da Educação uma forma de resolver o problema, já que foi realizado um concurso, mas a prefeitura não conseguiu preencher vagas nas regiões mais periféricas da cidade.
"É um desrespeito fecharem os portões. Eu não vim fazer baderna, vim pedir educação", disse a dona-de-casa Maria Lucinda Henriques. Aos 61 anos, ela cursa a 8ª série na Escola Municipal Mauro Faccio Gonçalves Zacaria. Na sua turma, faltam professores de geografia, inglês, informática e artes.
Ela decidiu encarar o analfabetismo há quatro anos. "Meu bairro é perigoso. Eu vou para a escola morrendo de medo, à noite, para chegar lá e ver que não tem aula?"

Reivindicações
Uma das principais reivindicações era que a prefeitura permitisse a contratação temporária de professores não-concursados que morem perto das escolas.
Porém, segundo Sandra Greco, chefe de gabinete interina da Secretaria Municipal da Educação, a lei não permite que a prefeitura contrate professores enquanto houver concursados aguardando vagas. Atualmente, há 3.600 professores nessa situação.
Segundo Greco, 16 mil professores foram contratados de julho de 2002 até agora. Para estimular a ida desses profissionais para a periferia, a prefeitura oferece um adicional, que varia de 30% a 50% do salário-base (R$ 907).
A chefe de gabinete reconheceu que esse processo é demorado.
"A impressão que eu tenho é que a gente chegou de mãos vazias e saiu de mãos abanando. Mas, se no segundo semestre isso não melhorar, voltaremos", afirmou a dona-de-casa Raimunda Meireles, que organizou o ato.


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