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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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SEGURANÇA

Ações do Gradi são revistas por Promotoria

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de São Paulo montou um grupo de trabalho para reavaliar todas as investigações concluídas ou em andamento sobre ações do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), o setor de inteligência Polícia Militar que recrutou ilegalmente presos para ações de combate ao crime organizado no Estado.
Anteontem, 13 policiais dessa unidade, hoje desativada, foram denunciados sob acusação de tortura, que teria sido cometida contra dois detentos que trabalhavam infiltrados para eles em quadrilhas supostamente ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Foi a primeira acusação formalizada contra o Gradi, desde que a Folha revelou as ações suspeitas da unidade, em julho do ano passado. Em cinco operações, 27 pessoas morreram, incluindo as 12 da "operação Castelinho", em março de 2002, na região de Sorocaba.
Das seis principais investigações abertas contra o Gradi, houve a denúncia no caso de tortura, um pedido de arquivamento pelo Ministério Público -referente à ação em que quatro presos morreram na rodovia dos Bandeirantes- e um caso encerrado sem que fossem encontradas possíveis falhas na ação -que terminou com a morte de cinco pessoas, entre elas o preso infiltrado Fernando Henrique Rodrigues Batista.
Dos três casos restantes, um está no Tribunal de Justiça, em segredo judicial, e investiga o envolvimento do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e de dois juízes nas ações do Gradi. Os demais estão sendo acompanhados por promotores. "A qualquer momento os inquéritos podem ser reabertos, se surgirem novos elementos", afirmou ontem o promotor Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos da Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo.
A idéia do grupo de trabalho, segundo o Ministério Público, é promover a troca de informações entre os promotores que atuam nos processos sobre o Gradi. Há casos em São Paulo, Campinas, Jundiaí, Itu e Piracicaba.
Ontem, ao ser questionado sobre a demora nas investigações, que se arrastam há mais de um ano, Cardoso afirmou que os casos são "complexos" e que a "estrutura de apuração do sistema judicial é morosa e lenta".
Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse, em visita a Jaguariúna, que a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Militar irão colaborar nas investigações sobre a denúncia de tortura contra o Gradi. "O governo tem todo o interesse na rigorosa apuração desses fatos."
O Tribunal de Justiça ainda não tem prazo definido para concluir a investigação sobre a suposta participação do secretário e de dois juízes nas operações desse grupo de inteligência da PM. O Judiciário afastou os magistrados dos cargos que eles ocupavam no Dipo (Departamento de Inquéritos Policias) e na Corregedoria dos Presídios da capital.


Colaborou a Folha Campinas


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