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SEGURANÇA
Ações do Gradi são revistas por Promotoria
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo montou um grupo de trabalho para reavaliar todas as investigações concluídas ou em andamento sobre ações do Gradi
(Grupo de Repressão e Análise
dos Delitos de Intolerância), o setor de inteligência Polícia Militar
que recrutou ilegalmente presos
para ações de combate ao crime
organizado no Estado.
Anteontem, 13 policiais dessa
unidade, hoje desativada, foram
denunciados sob acusação de tortura, que teria sido cometida contra dois detentos que trabalhavam
infiltrados para eles em quadrilhas supostamente ligadas ao PCC
(Primeiro Comando da Capital).
Foi a primeira acusação formalizada contra o Gradi, desde que a
Folha revelou as ações suspeitas
da unidade, em julho do ano passado. Em cinco operações, 27 pessoas morreram, incluindo as 12 da
"operação Castelinho", em março
de 2002, na região de Sorocaba.
Das seis principais investigações abertas contra o Gradi, houve a denúncia no caso de tortura,
um pedido de arquivamento pelo
Ministério Público -referente à
ação em que quatro presos morreram na rodovia dos Bandeirantes- e um caso encerrado sem
que fossem encontradas possíveis
falhas na ação -que terminou
com a morte de cinco pessoas, entre elas o preso infiltrado Fernando Henrique Rodrigues Batista.
Dos três casos restantes, um está no Tribunal de Justiça, em segredo judicial, e investiga o envolvimento do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, e de dois juízes nas
ações do Gradi. Os demais estão
sendo acompanhados por promotores. "A qualquer momento
os inquéritos podem ser reabertos, se surgirem novos elementos", afirmou ontem o promotor
Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos da Procuradoria
Geral de Justiça de São Paulo.
A idéia do grupo de trabalho,
segundo o Ministério Público, é
promover a troca de informações
entre os promotores que atuam
nos processos sobre o Gradi. Há
casos em São Paulo, Campinas,
Jundiaí, Itu e Piracicaba.
Ontem, ao ser questionado sobre a demora nas investigações,
que se arrastam há mais de um
ano, Cardoso afirmou que os casos são "complexos" e que a "estrutura de apuração do sistema
judicial é morosa e lenta".
Ontem, o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) disse, em visita a
Jaguariúna, que a Secretaria da
Segurança Pública e a Polícia Militar irão colaborar nas investigações sobre a denúncia de tortura
contra o Gradi. "O governo tem
todo o interesse na rigorosa apuração desses fatos."
O Tribunal de Justiça ainda não
tem prazo definido para concluir
a investigação sobre a suposta
participação do secretário e de
dois juízes nas operações desse
grupo de inteligência da PM. O
Judiciário afastou os magistrados
dos cargos que eles ocupavam no
Dipo (Departamento de Inquéritos Policias) e na Corregedoria
dos Presídios da capital.
Colaborou a Folha Campinas
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