São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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EDUCAÇÃO

Prefeita fez promessa em 2001

Marta não vai desativar 39 escolas de latinha

DO "AGORA"

A apenas seis meses do final de sua gestão, a prefeita Marta Suplicy (PT) ainda não conseguiu retirar pelo menos 30 mil alunos das escolas de latinha do município. A extinção dessas escolas -em aço pré-moldado, todas as 61 foram construídas na administração de Celso Pitta (1997-2000)- foi prometida por Marta desde que assumiu, em 2001.
"Puxei a orelha da secretária e não vai ter nenhuma criança em escola de latinha até 2004", disse a prefeita em 17 de julho de 2003, depois que a secretária da Educação, Cida Perez, afirmou que não seria possível desativar todas as escolas até este ano.
Até agora, apenas 17 escolas foram desocupadas. Cinco foram substituídas por escolas de alvenaria. Nas outras 12 unidades, os alunos foram para CEUs (Centros Educacionais Unificados).
Outras cinco escolas estão em obras e poderão ser inauguradas até o fim do ano. Mas as 39 restantes, embora sejam alvo de estudos para a desativação, devem continuar funcionando em 2005. Cada escola tem de oito a dez salas, com 30 alunos em cada uma, em pelo menos três turnos diários.
As escolas de aço não têm isolamento térmico. Por isso são quentes demais no verão e muito geladas no inverno.
A precariedade das escolas de latinha contrasta com os CEUs, principal bandeira da prefeita, que é candidata à reeleição. Em cada escolão foram gastos pelo menos R$ 17 milhões. Os alunos têm, além de salas de aula de alvenaria, teatro, cinema, piscina e complexo esportivo.
Com R$ 1,2 milhão, segundo o sindicato dos professores municipais, seria possível construir um colégio comum para 2.000 alunos. Josué (nome fictício), 10, está na quarta série e estuda há três anos na Emef Paulo Freire, escola de latinha em Paraisópolis (zona sul). "A sala é muito mais quente no verão e muito mais gelada no inverno. Também faz muito barulho. Quando chove, é impossível ouvir o que a professora diz."
Para o presidente do sindicato dos professores da rede municipal, Ismael Palhares Júnior, o desconforto proporcionado pelas escolas de lata desvia a atenção do aluno e prejudica o aprendizado.
O governo do Estado também utiliza aço pré-moldado para construir salas de aula e suprir a demanda por classes. Atualmente, segundo a Secretaria de Estado da Educação, existem 89 salas de lata, todas na região metropolitana. Mas nenhuma escola é feita de lata, segundo o governo. Essas salas foram montadas dentro de 26 escolas de alvenaria para ampliar o número de classes. O governo estadual afirma que, até julho, todas serão desativadas.


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