São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Prevenção de trombose é falha, diz estudo

Pesquisa em hospitais mostra que 56% dos pacientes internados têm risco de desenvolver coágulos que bloqueiam as veias

Só parte dos pacientes recebe orientação e tratamento adequados, diz estudo em 32 países; no Brasil, pacientes de 12 hospitais foram avaliados

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos pacientes internados em hospitais brasileiros tem risco de desenvolver coágulos sangüíneos que bloqueiam veias -tromboembolismo venoso (TEV)-, mas só parte deles tem orientação e tratamento adequados que podem prevenir o problema.
A revelação é de um estudo mundial (Endorse) com 60 mil pessoas de 32 países, coordenado pela Universidade de Massachusetts (EUA) e recém-publicado na revista "The Lancet". No Brasil, foram avaliados 1.295 pacientes em 12 hospitais -públicos e privados. A pesquisa foi financiada pelo laboratório francês Sanofi-Aventis, que produz anticoagulantes.
O tromboembolismo é comum entre pacientes hospitalizados, sobretudo entre os que precisam ficar imobilizados na cama por algum tempo. Pode ocorrer em qualquer parte do sistema venoso. Os mais comuns, porém, são coágulos em veias profundas -em geral, na perna- e embolia pulmonar, a causa mais comum de morte hospitalar evitável.
O trabalho mostrou que 56% dos pacientes clínicos e cirúrgicos hospitalizados no país têm chances de desenvolver o tromboembolismo - no mundo, a taxa ficou em 52%.
A prevenção recomendada -se movimentar e usar medicamentos- é prescrita só para 51% desses pacientes, índice próximo ao encontrado na média mundial (50%). Mas, na Alemanha, por exemplo, a taxa de prevenção ficou em 86%.
No Brasil, o pior desempenho em profilaxia foi entre pacientes clínicos e cirúrgicos com riscos associados: apenas 27% e 30%, respectivamente, recebem medidas preventivas.
Segundo a médica Ana Thereza Rocha, coordenadora nacional do estudo, o índice de mortes por tromboembolismo pode chegar a 10%. "É uma situação séria, mas os médicos ainda não colocam a prevenção na rotina. O foco fica apenas na doença que levou o paciente à internação", diz ela, que também é professora na Universidade Federal da Bahia.
Para Fred Anderson, diretor do centro de resultados de pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, o "problema é complexo e precisa de soluções múltiplas".
No Brasil, ao menos 39 hospitais -de 7.426 instituições- têm estratégias para prevenir e reduzir a incidência do tromboembolismo, parte de um programa com o apoio da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
O estudo envolveu pacientes de 358 hospitais. Na ala clínica, foram selecionados pacientes com 40 anos ou mais; na cirúrgica, com 18 anos ou mais.
Cerca de 80% dos casos de tromboembolismo são assintomáticos e diagnosticados só por exames. Além da imobilidade, outros fatores de risco são obesidade, gravidez, traumatismos, doenças cardíacas e problemas congênitos.
Os médicos orientam aos pacientes acamados que façam movimentos com pés e pernas; sentados, devem mexer os pés como se estivessem pedalando uma máquina de costura.


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