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"Recebedor" de R$ 142 mil diz que ganha só R$ 1.200
Professor nega informação sobre ganho divulgada na internet pela Prefeitura de SP
Outros oito servidores que, segundo o site, receberam entre R$ 41 mil e R$ 87 mil no mês passado disseram que se trata de um engano
DANIEL BERGAMASCO
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Exatos R$ 142.475,02 foram
o pagamento de maio do professor de educação artística
Claudio Silva, 34, de acordo
com a lista de salários de servidores municipais divulgada na
internet pela Prefeitura de SP.
Segundo Silva, que trabalha
na escola Prof. Flavio Augusto
Rosa, no extremo leste da capital, a informação é falsa e motivo de "constrangimento".
"Meu salário-base é de R$
1.200. Eu como de marmita,
moro de aluguel. Imagine como
estou [diante da informação],
trabalhando num bairro de alta
periculosidade. Nem consegui
dar aulas. Deverei tomar providências", diz ele, sem especificar se processará a prefeitura.
Ontem à noite, o nome de Claudio Silva foi excluído da lista.
O professor diz também que
já rastreou o equívoco: um erro
de informática fez com que
descontassem de seu salário,
em vez de duas faltas, algumas
milhares de ausências.
Para reverter o débito, conta,
a prefeitura lançou um crédito
de R$ 142 mil -tudo no plano
virtual, sem que esse dinheiro
fosse movimentado em contas.
Procurada, a prefeitura não
se pronunciou sobre os casos
de pagamentos altos apresentados pela Folha.
Ontem, a reportagem ouviu
outros oito servidores que, segundo o site, receberam entre
R$ 41 mil e R$ 87 mil em maio.
Todos disseram que se trata de
um engano, mas nenhum deles
aceitou que fosse publicada
uma cópia do seu contracheque, argumentando temor de
represália ou mais exposição.
A hipótese de erro levantada
pela coordenadora pedagógica
da escola Donato Susumu Kimura (zona sul), Maria das
Graças Campos, é a mesma de
outros entrevistados com tempo longo de carreira. Seu salário, diz, é de R$ 4.500, e não de
R$ 50 mil, como divulgado.
"Faço jus ao adicional [reajuste por tempo de carreira]
desde 2007, mas ele só saiu
agora. A prefeitura faz um cálculo de tudo o que eu deveria
ter recebido, menos tudo o que
efetivamente recebi. Isso dá os
cerca de R$ 6.000, que recebi
no mês de maio", conta.
Ou seja: ela diz que foi divulgado o maior número envolvido no cálculo do salário, e não o
resultado da conta.
Não avisaram
Marinete Gomes Ferreira
Segantim, professora de educação infantil na escola Maria Eugenia Fakhoury, no Grajaú (zona sul), aponta que o valor de
R$ 64.156,89 descrito no site
está errado. "Esqueceram de
me avisar que eu ganho isso."
Ela diz que seu salário não chega a R$ 5.000.
Na área da saúde, o médico
Paulo César de Souza Ribeiro,
que atua na UBS do Jardim Helena (zona leste), afirma que tinha "alguns valores a receber
da prefeitura".
Contudo, diz não saber se
chegam aos R$ 41 mil registrados. "Não sei exatamente de
onde vem esse valor", diz o médico. Ele conta que seu salário
"não é nem um quarto do que
aponta o site da prefeitura".
Segundo o site, o coordenador pedagógico Lauro Cornelio
da Rocha, 46, recebeu R$
76.371,96 por seu trabalho na
escola Carlos Olivaldo de Souza
Lopes Muniz. "Bem que eu
queria. Mas ganho cerca de R$
5.300", afirma.
O equívoco, ele diz, trouxe
preocupação. "Fiquei vulnerável, do ponto de vista da segurança, e até sobre minha credibilidade, porque todo mundo
sabe que R$ 76 mil como salário de professor é uma loucura.
Já procurei o sindicato e penso
em entrar com ação [contra a
prefeitura]", diz.
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