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Serra analisa adoção da medida no Estado
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo avalia seguir o exemplo da prefeitura e divulgar os vencimentos
de servidores públicos estaduais, desde que extensiva a todos os Poderes.
A intenção do governo José
Serra (PSDB) é exibir os salários pagos por Judiciário, Legislativo, Ministério Público e
universidades. Além disso, avalia-se que não compensaria divulgar a folha de pagamentos
sem o registro das gratificações
incorporadas aos salários.
A lista serviria como instrumento na queda-de-braço que
o governo trava com os sindicatos no Estado. Hoje, a Secretaria de Gestão disponibiliza, via
internet, o salário inicial de todas as carreiras do funcionalismo público e os vencimentos
da área governamental.
Segundo uma nota divulgada
ontem pela assessoria de imprensa, o governo paulista
apoia "qualquer iniciativa que
dê maior transparência aos
gastos públicos".
"Em relação à divulgação da
lista de cargos e salários de todos os servidores estaduais, informamos que o governo de SP
vai estudar a adoção da medida", conclui a nota.
O governo já consultou a Procuradoria Geral do Estado, que
desaconselhou a medida por
temer eventuais ações judiciais
por parte dos servidores. Diante disso, o governo decidiu esperar a reação dos servidores
municipais à decisão da prefeitura para ver o que fazer.
No município, aliados do
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) afirmam que -além de
ser um "belo exemplo"- a divulgação de gastos funciona como medida preventiva.
"Agora, [o servidor] não tem
como falar o que reivindica sem
esclarecer quanto recebe. Também saberemos as carreiras
que têm de ser valorizadas",
disse o secretário dos Transportes, Alexandre Moraes.
Outro argumento é que, ao
abrir os dados, a prefeitura toma a dianteira no combate a
desvios e funcionários fantasmas. Qualquer descoberta será
graças à prefeitura, avalia um
interlocutor de Kassab.
A criação do portal consumiu
quatro meses antes do anúncio
oficial, na terça-feira. Além de
Moraes e do prefeito, três secretários se dedicaram a implantar o sistema: Rodrigo Garcia (Gestão), Cláudio Lembo
(Negócios Jurídicos) e Walter
Aluisio Rodrigues (Finanças).
Uma demonstração da transferência do núcleo do poder na
gestão Kassab, a operação exigiu discrição para evitar pressão dos prestadores de serviço e
dos servidores.
Deixando clara a disposição
de capitalizar politicamente a
medida, Lembo disse que, num
momento de crise no Senado, o
país "está precisando de uma
escalada de transparência".
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