São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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27ª SÃO PAULO FASHION WEEK

O sonho de toda mulher é ter filhos, diz Gisele

Modelo, que desfila para a Colcci, aprova a ideia de que grifes tenham 10% de negros na São Paulo Fashion Week

Embora diga que nada do que é "feito por obrigação tenha uma boa aceitação", top avalia que vale a pena tentar no caso das cotas


GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com roupas leves e os pés descalços. Foi assim que Gisele Bündchen recebeu a Folha, ontem, no quarto do hotel onde está hospedada em São Paulo. Ela mesma abriu a porta do quarto e convidou a reportagem a se sentar num dos sofás, criando um clima descontraído, apesar de ter imposto algumas restrições: não falar da vida pessoal nem fazer fotos.
Mas Gisele acabou falando de detalhes sobre a vida pessoal e o marido, o jogador de futebol americano Tom Brady. A modelo, que desfila na SPFW para a grife Colcci, disse que considera "positivo" o Ministério Público ter sugerido às grifes que elas tenham 10% de negros em seus desfiles na SPFW.

 

FOLHA - Você é a favor ou contra uma "cota" de negros nos desfiles?
GISELE BÜNDCHEN
- Beleza é um gosto. As pessoas julgam as outras pela cor, pelo tamanho ou pela cor de cabelo. Cada raça, seja a indígena, a negra, a amarela, tem a sua beleza. A minha melhor amiga é uma negra de Uganda. E é uma das pessoas mais lindas que eu já vi.

FOLHA - Então acha que vale a pena ter todas as raças nas passarelas?
GISELE
- Acho que as pessoas têm que ter o direito de se apresentar. Mas também têm que ter o direito de escolha. Já pensou se eu chegasse aqui e dissesse: "Você vai ser obrigado a usar preto todos os dias e não vai mais poder usar xadrez"? Nada do que é feito por obrigação tem uma boa aceitação. Nesse caso [dos negros na SPFW], porém, vale a pena tentar. Acho que pode ser positivo.

FOLHA - A moda é cara?
GISELE
- Tem moda cara e não cara. As duas são válidas. Obviamente, se você compra uma Chanel, vai durar alguns anos. Mas as pessoas podem estar na moda sem gastar muito. Acho que estar na moda é se sentir confortável com você mesmo. Não sigo tendência. Uso coisas que me deixam confortável.

FOLHA - Você pensa na velhice?
GISELE
- Não vou dizer que fico aqui sentada pensando assim: "Como vai ser quando eu ficar velha?". Mas vou fazer 29 anos e estou muito feliz onde estou. Eu me sinto muito mais segura hoje, mais confortável por ser eu. Quando era mais jovem, era insegura. Não sabia se eu podia falar tal coisa, se podia usar tal coisa. Você se sente julgada pela sociedade. Adolescência é uma parte difícil. E eu já estava trabalhando. Hoje sou mais feliz, porque passei por muito mais coisa. Minha mãe tem 61 anos e eu vejo a calma dela -a idade traz isso.

FOLHA - Como você se imagina daqui 50 anos?
GISELE
- Eu era muito de fazer planos e acho que muitas coisas não aconteceram como eu queria que acontecessem. Hoje, sou muito mais aberta à vida como ela é. Quero viver cada momento porque, de repente, um avião cai, alguma coisa acontece... Acho muito prepotente pensar que vou estar aqui em 50 anos. O que eu sei é que quero estar feliz no futuro. Quero estar com minha família, cuidando de mim, me entendendo e entendendo as pessoas ao meu redor...

FOLHA - Uma família com quantos filhos?
GISELE
- Não sei . Eu sou de uma família grande. E o sonho de toda mulher é ter filhos. Eu quero ter uma família maravilhosa.

FOLHA - Que nome você daria a seu primeiro filho ou sua primeira filha?
GISELE
- O nome você tem que dar quando ver a carinha da criança. A gente [o marido e ela] comprou um cachorrinho. Demorou um mês para ele chegar e uns dez dias para ganhar um nome. Eu queria um, e o Tom queria outro. Demos o nome de Lua. Sou canceriana regida pela Lua, então queria que o nome dela fosse esse. Tenho também a Vida, chamo ela desse jeito o tempo inteiro: "Vem Vidinha, vem Vidinha".

FOLHA - O seu marido gostou do Brasil?
GISELE
- Gostou. Foi muito bom levá-lo para o lugar onde nasci. Ele conheceu o meu único avô vivo. Tom já fala algumas palavras em português. Bem pouco. É uma língua muito difícil.

FOLHA - Por que, em entrevistas, você restringe os assuntos que os jornalistas podem abordar?
GISELE
- Acredito muito em liberdade de expressão. Só não gosto muito de falar da minha vida pessoal. Alguma coisa você tem que manter reservado. Se não, você fica muito exposta. As pessoas falam muito sobre a minha vida.
Hoje, a mídia não tem o mesmo jeito de antes de falar sobre as pessoas. Infelizmente, 90% das notícias que saem por aí não têm validade nenhuma. Quando você fala alguma coisa, os jornalistas colocam aquilo de forma sensacionalista, do jeito deles e não do jeito como você falou. Às vezes, pegam um pedacinho de uma coisa que você disse, tiram totalmente do contexto. Não estão querendo falar a verdade. Hoje o lema é: "Como é que eu vou fazer para o meu jornal vender?".


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