São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2010

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TCU veta instalação de detector de armas químicas em presídios

Pedido veio de estagiários do Ministério da Justiça, diz tribunal

HUDSON CORRÊA
DO RIO

O Ministério da Justiça começou a equipar suas quatro penitenciárias com detectores de armas químicas -como os gases sarin e mostarda- e drogas sintéticas, mas o TCU (Tribunal de Contas da União) mandou parar o negócio de R$ 4 milhões.
O tribunal disse que o ministério justificou a compra com textos de professores, de 1991, e copiados da internet. Afirma ainda que os textos não têm relação com presídios e que foram editados por estagiários, sem autorização dos pesquisadores.
Os detectores identificam substâncias nas roupas ou em recipientes e rastreiam explosivos e drogas.
Seis aparelhos foram comprados e estão em uso. As aquisições começaram em 2006, mas os detalhes eram mantidos em sigilo até a decisão do TCU no mês passado.
Para o ministério, as centenas de presos perigosos justificam a compra. Atualmente, as quatros penitenciárias abrigam 498 detentos.
O governo cita o traficante Fernandinho Beira-Mar e o libanês Farouk Omairi, suspeito de participar de atentado terrorista na Argentina. Os dois estão na penitenciária de Campo Grande (MS).
"Se vou receber os piores caras do Brasil, eu tenho que me preparar e aumentar meu campo preventivo", disse o diretor de Políticas Penitenciárias, André Luiz de Almeida Cunha. "Não adianta pôr fechadura na porta após o roubo", afirmou.

USO INDEVIDO
A professora Maria Regina Alcântara, da USP, cujo trabalho foi usado pelo ministério, dá mais razão ao TCU. "Em momento nenhum [o trabalho] se refere a uma possível entrada de armas químicas em presídio."
O ministério diz que, para o TCU, a professora confirmou ser possível o uso de armas químicos em presídios.
"A utilização de arma química é possível em qualquer lugar, mas quem iria querer utilizá-la em um presídio? Qual o propósito?", afirmou.
O diretor de Políticas Penitenciárias vai recorrer. Ele diz que os aparelhos servem para revistar visitantes e presos.


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