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Higienópolis se "blinda" contra arrastões
No bairro nobre de SP, há blindagem de guarita em quase todos os prédios; na cidade, setor cresce 20% ao ano
Especialista alerta que preparo de funcionários é mais decisivo para evitar assalto em grande parte dos casos
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Quem passa pelas ruas de
Higienópolis, bairro nobre
da região central de São Paulo, percebe a diferença.
Em boa parte das ruas, há
ao menos uma ou duas guaritas em reforma. Não que elas
passem por um retoque estético: estão sendo blindadas.
São dez em construção ou
inauguradas há menos de
dois meses nas ruas São Vicente de Paula, Brasílio Machado, Gabriel dos Santos,
Maranhão e Rio de Janeiro.
Para se adequar à segurança, a maioria dos prédios têm
mudado a fachada para
construir novas guaritas com
recuos e gaiolas, o mesmo
sistema de presídios.
O custo varia entre R$ 40
mil e R$ 80 mil.
Segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), 80% dos prédios de alto padrão do bairro já têm
guaritas à prova de balas. E o
crescimento do setor em toda
a cidade é de 20% ao ano.
"Os que ainda não são estão se blindando por causa
dos assaltos na região. Junto
com o Morumbi, Higienópolis é o bairro onde mais fazemos blindagens de guaritas",
afirma Emerson Mendonça,
da Abrablin.
Hoje há 20 empresas do setor em SP. Há dez anos, eram
cinco. "Quando um prédio é
roubado, ao menos uns quatro em volta solicitam a blindagem", diz Carlos Barbosa,
diretor da Blindaço.
A Secretaria da Segurança
Pública não divulga a distribuição da criminalidade por
bairros, mas dados divulgados pela Folha há dois anos
mostravam que os crimes
contra o patrimônio concentram-se na região central e
em bairros mais ricos, como é
o caso de Higienópolis.
Um dos casos recentes foi
o assalto à loja Montblanc do
shopping Higienópolis.
Com temor de novas
ações, há empresas que exigem a blindagem das guaritas antes de assumir a vigilância do prédio. "A primeira
pessoa a precisar de segurança num prédio é o porteiro,
não o morador", diz José Antônio Caetano, da Haganá,
empresa que faz a segurança
de 200 prédios no bairro.
"A blindagem é necessária, mas a segurança é relativa. Entram até em bancos,
então não vai ser o meu prédio uma fortaleza", diz a síndica Iona Sznajder.
"Antigamente não existia
ladrão e eu trabalhava com a
portaria aberta, nem havia
guarita aqui", diz José Macedo, zelador do mesmo prédio
em Higienópolis há 31 anos.
"O problema não é a espessura dos vidros, mas a
qualificação dos porteiros,
que abre do mesmo jeito porque quem entra parece socialmente superior a ele", diz
o coronel José Vicente da Silva, especialista no tema.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN
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